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CENIPA conclui investigação de queda de avião com dois mortos em Mato Grosso

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Só Notícias/Kelvin Ramirez (fotos: reprodução)

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) concluiu na semana passada o relatório da queda do avião agrícola AT-402B, em Juína (745 km de Cuiabá). O caso ocorreu no dia 3 de março de 2023. Na ocasião, o piloto Alan Patrik Lemes e o técnico Emilson Sales de Souza, faleceram.

Segundo o relatório que Só Notícias teve acesso, a aeronave decolou do aeródromo de Juína, com destino à área de pouso para uso aeroagrícola de uma fazenda em Aripuanã, a fim de realizar voo de translado, com um piloto e um passageiro a bordo. Com cerca de 20 minutos de voo, em condições meteorológicas degradadas, a aeronave colidiu contra o solo.

Os investigadores concluíram que não houve evidências de contribuição de quaisquer sistemas da aeronave para o acidente. O piloto não possuía habilitação de Voo por Instrumentos – Avião (IFRA) e a aeronave não era certificada para operar em Condições Meteorológicas de Voo por Instrumentos (IMC), o que, de acordo com o relatório, pode ser um fator que pode ter contribuído para o acidente.

A investigação apurou também que, durante o voo, o piloto estabeleceu comunicação com outro colaborador da empresa, que estava localizado nas proximidades da área de pouso de destino. No decorrer dessa interação, foi informado que as condições meteorológicas na área de destino estavam adversas.

“No entanto, mesmo após receber informações de que as condições meteorológicas na área de destino estavam adversas, o PIC, sem estar habilitado e capacitado para tal, decidiu prosseguir na missão, o que revelou prejuízos na sua capacidade de reconhecer, compreender e projetar os riscos envolvidos em um voo visual naquelas condições”, diz trecho do relatório.

Investigadores disseram que testemunhas escutaram o barulho de motor da aeronave dentro da camada de nuvens, um vídeo produzido por moradores locais, cerca de 5 minutos após o impacto da aeronave contra o solo, confirmando que as condições meteorológicas estavam abaixo das mínimas para o voo. “Nesse espaço aéreo, o piloto deveria manter o avião em uma condição livre de nuvens, avistando o solo e com uma visibilidade horizontal de, no mínimo, 5 km”.

Foi apontado também que a aeronave transportava dois ocupantes, em desacordo com o regulamento brasileiro de aviação civil. Segundo a apuração, com o acréscimo de um passageiro, “o espaço interno da cabine ficou reduzido e pode ter influenciado o desempenho do piloto na atividade de pilotagem, acarretando dificuldades para a manutenção do voo coordenado”.

Além disso, foi acrescentado que a operação com duas pessoas na cabine contribuiu para que o centro de gravidade da aeronave ficasse além do limite traseiro, em função da configuração de peso básico que a aeronave se encontrava, do volume de combustível a bordo e da ausência de massa no tanque de produtos. A operação com a aeronave fora dos limites estipulados contribuiu para as dificuldades de controle, especialmente no plano de arfagem (movimento).

Tendo em vista a disposição dos destroços da aeronave, foi constatado que o avião colidiu diretamente contra o solo na posição de dorso, em atitude e velocidade elevadas e sem indicação de impacto anterior. Com base nessa situação, foi constatado que o avião seguiu uma trajetória de voo semelhante a uma Graveyard Spiral. Esse evento, segundo o relatório, comum em condições climáticas adversas, é um tipo de mergulho em espiral realizado. “Dessa forma, foi possível concluir que o piloto perdeu a capacidade de avaliar a orientação de sua aeronave”.

O CENIPA informou que o único objetivo das investigações realizadas pelo órgão é a prevenção de futuros acidentes aeronáuticos. Que o relatório, cuja conclusão baseia-se em fatos, hipóteses ou na combinação de ambos, objetiva exclusivamente a prevenção de acidentes aeronáuticos.

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