Movido pela fé, um casal de Cuiabá percorre o Caminho da Fé a pé. A peregrinação começou no dia 2 de outubro e termina neste dia 12, na cidade de Aparecida do Norte (SP), com grande comemoração em homenagem a santa padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.
O trajeto escolhido pela professora Elizany Rita da Silva, 51, e o esposo, o empresário Elson Pedro da Costa, 56, compreende 319 km. O casal saiu de Cuiabá no dia 30 de setembro, num voo com destino a São Paulo. Da capital paulista, eles seguiram de ônibus até a cidade de Águas da Prata (SP) e no dia 2 saíram em caminhada rumo a Aparecida.
Para chegar ao destino a tempo, eles estabeleceram caminhada de uma média de 35 km por dia. “Teve dia que andamos 38, mas teve dia que percorremos 21 km porque era um caminho mais difícil”, explica.
Elizany contou que ela e o esposo são religiosos e, em 2018, o marido fez a peregrinação. Muito impressionado com a experiência, contou a esposa que logo se comprometeu a ir junto este ano.
O trajeto a ser percorrido varia de acordo com a fé e disposição do peregrino. Há pessoas que percorrem 800 km até Aparecida do Norte. Além da religiosidade, o caminho atrai pessoas em busca de autoconhecimento, esporte e turismo. “Só vence, mesmo quem tem um propósito muito grande, porque não é fácil. É bonito, mas não é fácil esse caminho. É muito dolorido, muito cansativo”, explica Elizany.
A servidora pública conta que o propósito maior pelo qual ela caminha os mais de 300 km é pela saúde e bem-estar dos filhos. Ela é mãe de um casal de jovens. Elizany tem bom preparo físico. Caminha e corre com constantemente, além de participar de corridas de rua. Mesmo com o condicionamento, relata que tem sido difícil encarar o estradão todos os dias. “O que mais me surpreende são as pessoas de 60, 70 anos fazendo o trajeto e chegam ao destino. A gente, que é mais jovem, já sente o cansaço imagina eles”, afirma.
Há pessoas que caminham em grupo, mas o casal optou por seguir sozinho. Eles fizeram o credenciamento no dia 2 em Águas da Prata e carimbam o “comprovante” por onde passam. Ao fim do caminho, todos os registros irão comprovar por onde passaram e, assim, o casal terá direito a um “certificado” de cumprimento do trajeto.
Pelo caminho muita gente ajuda os peregrinos, com água e alimento e boas vibrações. Porém, o casal levou dinheiro para pagar alimentação e hospedagem. No trajeto há pousadas para abrigo dos fiéis que cobram um valor mais barato e é nessas que o casal fica. A estimativa de gasto é de R$ 1,2 mil para toda a viagem, sem contar as passagens de ida e volta de Cuiabá para São Paulo.
Já no fim do trajeto, Elizany conta que o percurso é mais difícil do que esperava. “É muito cansaço. Pegamos frio e chuva, mas é tanto aprendizado. As pessoas são tão acolhedoras, solidárias. Um ajuda o outro. No caminho eu enxerguei uma capa (de chuva) amarrada e eu peguei, foi o que nos ajudou. Por onde você passa, as pessoas perguntam se você quer água, quer comer alguma coisa. Às vezes deixam na porta, porque sabem que vão passar os peregrinos”, conta.
Elizany ressalta que, apesar da dificuldade, o caminho vale muito a pena. “A gente está fazendo pela religiosidade, mas é também um autoconhecimento, uma reflexão para ver quem a gente realmente é e ver como tem pessoas boas e maravilhosas”, ressalta.
Após a conclusão do percurso, o casal participa das festividades em homenagem a Nossa Senhora e retorna a Cuiabá neste domingo.