A falta de segurança na Cachoeira da Martinha, na divisa dos municípios de Chapada dos Guimarães e Campo Verde, está colocando em risco a vida dos cidadãos que vão se divertir no ambiente natural. A paisagem é banhada pelo Rio da Casca com cinco quedas d’água, sendo três de grande proporção, que formam cascatas e pequenas piscinas naturais onde as pessoas tomam banho. Porém, a força da água não forma piscinas calmas, de água límpida e serena. O local possui forte correnteza, pedras escorregadias no solo e poços d’água com grande profundidade, popularmente conhecidos como rebojos.
Foi em um desses rebojos que o taxista Flavio Barbosa da Silva, 60, quase morreu com sua família em janeiro. Flavio relata que estava na Cachoeira da Martinha em uma das cascatas quando sua esposa, Edineuza, caiu em um desses poços d’água inesperadamente.
O filho de 9 anos do casal foi socorrer a mãe e também se afogou. Em seguida, uma amiga da família foi ajudá-los e caiu no mesmo ponto. O pai, então, conseguiu tirar um a um e com a ajuda de outro banhista saiu da água.
“Foi um desespero que não sei até hoje como consegui salvá-los. Foi coisa de Deus mesmo porque eu não tenho o costume de entrar na água, não nado bem. Tirei forças não sei de onde e quando já não aguentava mais, achava que ia morrer, um rapaz me puxou da água”, conta.
Flavio afirma que foi o pior momento que ele já viveu, pois achou que todos da família iriam morrer afogados. Ele saiu do local cheio de hematomas e chegou a vomitar água várias vezes. “Fiquei duas noites sem dormir. Você acorda vendo eles se afogarem, essa cena não sai da minha cabeça”.
O taxista e sua família não morreram por muita sorte, mas outras pessoas não tiveram a mesma sorte e já vieram a óbito no local. Os bombeiros não possuem dados consolidados atualmente, mas relatos de quem trabalha no entorno da cachoeira dão conta de que pelo menos cinco pessoas já morreram lá.
O acesso é totalmente livre, gratuito, e as pessoas se expõem a enormes riscos, pois fazem churrasco à beira do rio, ingerem bebida alcoólica e depois entram na água.
Além disso, os banhistas pulam de uma das quedas em direção a um desses poços, sem saber o que pode ser encontrado no fundo da água.
A falta de placas de aviso ou alerta sobre os possíveis pontos de rebojo e onde não é apropriado tomar banho é o principal problema que deve ser corrigido na Cachoeira da Martinha, na opinião de Flavio. Ele defende que se os banhistas soubessem dos pontos de riscos, não viveriam situações inesperadas de extremo perigo como ele e a família vivenciaram.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) informou que o local é uma propriedade particular que não possui licenciamento ambiental, portanto, o Estado não pode intervir diretamente na instalação de meios de proteção e alerta.
O que pode ser feito e a Sema se comprometeu a fazer é notificar o proprietário a dar entrada no licenciamento e paralelamente, se for o caso, embargar o local para visitação pública até que as medidas de segurança sejam implementadas.
Também será analisada uma visita de fiscalização, para autuação por danos ambientais, como lixo, desmatamento e degradação ambiental.