Dez dias apenas. Foi suficiente para prefeitura municipal de Juina (735 km de Cuiabá) gastar mais de R$ 40 mil com despesas com índios de 7 etnias (Enawene-Nawe, Rikitibatsa, Mikis, Cinta-Larga, Nambiquara, Arara e Kayaby), que bloqueou entre os dias 31 de maio a 2 deste mês, a MT-170 no km 60 na ponte do Rio Juruena. A rodovia ficou mais de dois dias interditados e só passava ambulâncias com doentes.
O valor foi divulgado na tarde de ontem à equipe da Rádio Educadora de Juina pelo diretor do departamento municipal de transito Jair Loureiro de Lima. “Por cima, a prefeitura gastou mais de R$ 40 mil, isso que eu sei, mais acredito que o valor foi muito mais”, afirmou Loureiro que foi um dos interlocutores do prefeito com os índios. “Eu acho que ficou caro de mais pro município por uma questão de não cumprimento da Funai com os indígenas”, completou.
As despesas foram com alimentação, passagens de ônibus para mais de 40 índios e até de avião para irem a capital federal, entre outras. “Pediram gasolina, alimentação e ônibus, tudo isso eu arrumei para resolver o problema de vez”, destacou Hilton Campos (PR) prefeito da cidade.
Porém, o desbloqueio só foi possível com a vinda de representantes do estado (Casa Civil, Militar e Representantes da Funai), para negociar com os índios. Após três longas horas de conversa com os caciques, a conclusão foi liberar a rodovia.
Os índios apresentaram 12 reivindicações (questões Ambientais, Administrativas e Fundiárias), e conforme o acordo firmado na reunião da ultima quarta-feira em Brasília, a Funai irá instalar um posto de saúde indígena em Juína e criar uma força tarefa para dar andamento à proposta da Medida Provisória de instalar um escritório da fundação também no município, para que os índios possam ser atendidos no local, já que hoje precisam se deslocar até Cuiabá para resolver questões indígenas.
Ainda durante a reunião, que durou quase oito horas, ficou marcada outra para o dia seguinte onde foram discutidas as demais cobranças feitas pelos índios, como as questões fundiárias e de instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na região noroeste.
“Ainda não esta resolvida à situação”, enfatizou Campos que também participou de toda a reunião na capital federal.
O bloqueio foi criticado pela população juinense mais ao mesmo tempo reconhecido com forma dos índios serem ouvidos. “Foi prejuízo? Foi. Mais temos que ver também que foi a forma que eles encontraram para chamar a atenção do governo federal. E eles conseguiram”, disse Marcos de Oliveira, comerciante.