O bloco Imprensa que eu Gamo, criado em 1995 por um grupo de jornalistas, desfilou, hoje, por ruas de Laranjeiras e do Largo do Machado, na zona sul do Rio, e fez uma homenagem ao cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade.
Para a presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro do Rio e uma das fundadoras do bloco, Rita Fernandes, este é um ano diferente para os integrantes do Imprensa que eu Gamo, porque há uma mistura de luto pela morte do cinegrafista e a alegria pelo casamento da jornalista Aline Prado, celebrado antes de começar o desfile.
Rita Fernandes disse que, de qualquer maneira, o desfile deste ano é para homenagear e pedir paz. “A gente colocou a frase de [Maratma] Gandhi que diz tudo. A paz é o caminho".
A gente espera muito que a política fique de lado no carnaval de rua, que o carnaval de rua seja brincadeira, alegria e paz. Sempre foi assim. Um carnaval bonito é um carnaval tranquilo. O carnaval do Rio sempre se caracterizou por ser de paz. Então, que essa turma nos dê um tempo e repense a vida. Porque, tudo bem, pedir e reivindicar e lutar pelos direitos, mas há formas de fazer e a deles não é a que a gente vai apoiar”, disse se referindo aos manifestantes que levaram um rojão para um protesto e provocaram a morte de Santiago Andrade.
A jornalista Ramona Ordoñez, que também é fundadora do bloco, disse que era uma preocupação dos integrantes fazer a homenagem e manter a alegria que o carnaval tem que ter, e ainda fazer o casamento da Aline. “A tristeza não foi só porque é um companheiro nosso de imprensa que faleceu, mas porque poderia ter sido qualquer um ser humano que estivesse ali. Isso a gente não pode aceitar nunca”, analisou.
O compositor Moacir Cruz destacou que a letra do samba este ano lembra diversos fatos que marcaram o ano passado. “É uma tradição do Imprensa. Este ano tá falando de black bloc, de isorpozinho, do tradutor do Mandela e do Eike Batista que faliu. É genial a despreocupação com uma estética lírica, mas de caracterizar o momento brasileiro”, disse à Agência Brasil.
O Imprensa que eu Gamo abriu os desfiles dos blocos ligados à associação e, além da homenagem ao cinegrafista, serviu de altar para o casamento da jornalista Aline Prado, com o sargento da Marinha Bruno Nalbone.
Ela é porta-bandeira do bloco e escolheu estar lá com amigos para se casar. Aline chegou em um carro Ford 1929 e depois de descer do veículo, como estivesse entrando na igreja seguiu com o pai, André como mestre-sala, ao som da bateria do bloco que tocava o samba enredo O Amanhã, da escola de samba União da Ilha, em 1978.
A cerimônia foi celebrada pelo reverendo da Igreja evangélica Bethel, Dionildo Dantas. Ele explicou que conhece Aline desde pequena e sempre disse que faria o casamento dela. “Foi uma celebração do amor. Passei a mensagem para eles que respeito é fundamental, confiança e construir juntos. O casal precisa disso”, contou.
Depois de casada, Aline revelou que tudo foi melhor do que esperava. “Hoje é o dia mais emocionante da minha vida. Estou nervosa. É uma mistura de emoção muito grande e estou muito feliz porque estou casando com o homem que eu amo de verdade”, disse. Bruno Nalbone, marido de Aline, também achou que foi mais do que esperava. “Esta mulher é sempre uma expectativa melhor que a outra”, contou.