O governador Blairo Maggi, eleito para um segundo mandado disse nesta terça-feira, em entrevista para o blog o Josias, na Folha Online que está disposto a apoiar o presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições do dia 29. Maggi disse ainda que não teme uma possível represália do presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire, do Pernambuco de expulsá-lo da sigla. “Eu saio antes. O partido não ultrapassou a cláusula de barreira e vou mudar de sigla”, disparou.
Na entrevista que concedeu para o blog do jornalista Josias de Souza, Blairo Maggi confirmou que votou para Lula no primeiro turno da eleição e que está disposto a trabalhar para a vitória do presidente-candidato segundo turno em Mato Grosso. “Irei me reunir com o presidente nesta quarta-feira em Brasília. Vou levar a proposta do Estado. Queremos que sejam ampliadas a ajuda da União no que se refere a melhoria das estradas federais e também na melhoria de condições para o setor produtivo, principalmente o agronegócio”, disse o governador.
Blairo Maggi ressaltou ainda que não mantém nenhuma cordialidade com o PSDB mato-grossense e, por este motivo, não poderia dar seu voto a Geraldo Alckmin. “Tive sério problemas com o PSDB”, confirmou.
Outro motivo alegado por Blairo para ter votado em Lula e querer ajudá-lo no segundo turno, é que, segundo ele, o presidente nos últimos dois anos vem cumprindo todos os acordos feitos com Mato Grosso. “Se Lula ganhar serei o principal intercolutor do setor econômico de Mato Grosso – o agronegócio – com o governo federal”, diz, lembrando que se Alckmin for o vencedor, o setor terá outros interlocutores.
Quanto a ameaça do presidente do PPS Roberto Freire de expulsá-lo do partido caso declare apoio Lula nesta quarta-feira, Blairo Maggi foi bastante irônico ao dizer que o presidente da sigla não precisa ter tanta preocupação. “Eu sai antes. O PPS não conseguiu ultrapassar a cláusula de barreira e será extinto ou terá de se coligar com outra sigla. Eu saio antes”, confirmou.
Blairo Maggi confirmou que agendou um encontro com Lula para esta quarta-feira, no Palácio o Alvorada, em Brasilia. “Ele vai ter que responder a seus aliados pelo Brasil no setor de agronegócios”, ironizou Freire ao citar um setor descontente com o governo Lula.
Leia a entrevista no “Blog do Josias”
Já falou com Lula?
Amanhã, vou a Brasília para conversar com o presidente. Quero ver quais são os pontos com os quais ele pode se comprometer para ajudar o setor do agronegócio num segundo mandato.
– Um tapete vermelho o aguarda no Planalto. Pode-se depreender, assim, que o sr. está mais próximo de Lula do que de Alckmin?
Sem dúvida. Como governador de Estado, demorei muito tempo para abrir canais no governo federal. Só nos últimos dois anos as coisas começaram a fluir, os convênios começaram a ser assinados. Suponha que haja uma troca de governo. As pessoas vão chegar, se inteirar das coisas, o país vai parar mais um ano nas relações entre governos. A minha preferência, se conseguir fazer um acordo produtivo para o setor do agronegócio e para o governo do meu Estado, é caminhar pelo caminho da manutenção do atual presidente. Nada de pessoal contra o outro candidato. A gente vai ganhar tempo com isso.
– Não o preocupa a ameaça de Roberto Freire de expulsá-lo do PPS?
Não. Estou mais preocupado com o um segmento econômico vital para o meu Estado e com as coisas do governo de Mato Grosso. Além disso, o partido também está deixando de existir. Não atingiu a cláusula de barreira. Vai ter que se acomodar em outro lugar. E não serei expulso. Se optar por Lula, vou me desfiliar do PPS. Vou informar ao partido e seguir um outro caminho.
– As denúncias que pesam contra o governo Lula tampouco o preocupam?
Claro que preocupam. Se a sociedade entender que o Lula não deva permanecer no governo em função das denúncias, ele terá que responder e estará pagando por isso. Mas acho que culpa no cartório os dois lados têm. É muito ruim, antiético que pessoas tentem comprar um dossiê [contra políticos tucanos]. Mas também é verdade que existe um dossiê, que precisa ser investigado.
– Concorda com a tese de Lula de que a perversão não é exclusividade do PT?
Não é mesmo. E outra coisa: não acredito que o presidente soubesse de uma operação como essa [a tentativa de compra do dossiê].