O Corpo de Bombeiros informou, esta tarde, que aproximadamente 200 pessoas estão desaparecidas após o rompimento da Barragem da Mina Feijão, em Brumadinho (MG). A estrutura, que pertence à Vale, liberou no meio ambiente um volume ainda desconhecido de rejeitos de mineração.
O Hospital João XXIII, instituição pública vinculada ao estado de Minas Gerais e sediada em Belo Horizonte, acionou um plano de atendimento para múltiplas vítimas de catástrofes. Até o momento, a instituição confirmou a chegada de duas pacientes, de helicóptero.
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que o Sistema de Comando de Operações (SCO) está estruturado no Centro Social do Córrego do Feijão, em Brumadinho. “Vários órgãos, principalmente de segurança pública, estão no local e em reunião neste momento definindo as estratégias de atendimento”, diz a nota.
Ao lado do Centro Social do Córrego do Feijão, há um campo de futebol que está sendo usado como área de avaliação e triagem das vítimas para atendimento médico, além de estacionamento de viaturas. Também foi estruturado um posto para arrecadação de alimento na Faculdade Asa de Brumadinho.
O Corpo de Bombeiros informou que está atuando com 51 militares, e que contam ainda com seis aeronaves.
A barragem da Vale estava classificada como de baixo risco de acidentes e alto potencial de danos. A informação consta do Relatório de Segurança de Barragens, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), a partir de informações prestadas por órgãos fiscalizadores ligados à temática.
A última edição do relatório foi lançada em novembro do ano passado, com informações relativas a 2017. Em nota encaminhada nesta tarde, a agência reguladora reafirmou que, para elaborar o documento, encaminhou formulário para os órgãos fiscalizadores, que declararam as informações sobre as barragens sob sua responsabilidade.
“Neste questionário, a ANA perguntou quais barragens estariam em situação crítica e a barragem rompida nesta sexta-feira não foi apontada como crítica pela Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pelas informações das barragens de rejeito de minério”, disse a agência, por meio de nota. A agência disse ainda que, para informações sobre a barragem de rejeito de minério da Vale, a ANM deve ser consultada.
Mais cedo, a ANA informou que está monitorando a onda de rejeitos da barragem, pois havia a preocupação de que esse material atingisse a Usina Hidrelétrica Retiro Baixo, mas que a barragem da usina, localizada a 220 quilômetro do local do rompimento, possibilitará amortecimento da onda de rejeito. “Estima-se que essa onda atingirá a usina em cerca de dois dias”, diz a nota.
A agência informou que está coordenando ações para manutenção do abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do Rio Paraopeba. “Estamos em constante comunicação com os órgãos e autoridades federais e estaduais, inclusive no âmbito de recente Acordo de Cooperação sobre Segurança de Barragens, que está permitindo troca facilitada e mais rápida de dados sobre a situação no local do evento”.
O relatório de 2017 aponta 45 barragens com risco de rompimento. Segundo o documento, o Brasil tem cerca de 23 mil barragens identificadas para diversas finalidades, como geração de energia, acúmulo de água ou rejeito de minérios, caso da que se rompeu hoje.