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Auditora em Mato Grosso é denunciada por comentário preconceituoso

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Atuando na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso, em Cuiabá, a auditora Ingrid Berger Colpaert foi denunciada na ouvidoria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e no Ministério Público do Estado da Bahia depois de postar no Facebook o comentário “Desculpem nordestinos, mas essa região do Brasil merecia uma bomba como em Nagasaki, pra nunca mais nascer uma flor sequer por 70 anos # pqp # votocensitáriojá”.

O post foi publicado após o resultado das eleições para presidência da República, em que a candidata do PT, Dilma Rousseff, teve maior votação na região Nordeste do Brasil. As denúncias partiram do advogado baiano Durval Saback, que recebeu o “print” com a mensagem pelo Whatsapp.

Ele relata que os ataques aos nordestinos são comuns em período eleitoral, porém, recebeu com surpresa o comentário vindo de uma pessoa que tem nível superior, aprovada em concurso público para atuar com fiscalização da área do trabalho. “Questiono qual a envergadura moral dessa mulher, qual a sensibilidade dela para cuidar de casos como trabalho escravo, por exemplo”.

Para o advogado, os comentários preconceituosos sobre o povo nordestino não o afeta. “É um ato odioso, que por si só demonstra a extrema ignorância de quem o faz”.

Saback relata que não foi o único nordestino a denunciar Ingrid no MTE e deseja que seja investigado no âmbito administrativo se o comentário feito pela servidora fere o Código de Ética e se cabe algum tipo de punição. A auditora foi aprovada em 2013 no concurso de Auditor Fiscal do Trabalho (AFT), passou a trabalhar em Cuiabá no início deste ano e está em estágio probatório, por isso ainda não tem estabilidade funcional.

Quanto à reclamação feita no MPE da Bahia, o advogado comenta que cabe à instituição apurar se cabe acionar a mulher na esfera criminal.

Superintendente da SRTE/MT, Eduardo Driemeyer, confirma que a denúncia foi recebida pela ouvidoria do MTE e o procedimento tramita por Brasília. Alega não ter conhecimento do teor e não sentir a vontade para comentar o assunto. A servidora continua trabalhando e neste momento está em viagem. Na SRTE/MT ninguém estava autorizado a passar o contato dela.

Voto censitário – a socióloga e cientista política Christiany Fonseca explica que o voto censitário mencionado por Ingrid faz referência ao direito de opinião política somente a pessoas que comprovavam renda, excluindo os menos favorecidos o direito de escolha dos governantes. A prática fez parte da Constituição do Brasil entre 1824 e 1891. “A sugestão dela é retrógrada, sem qualquer fundamento em meio a luta por direitos iguais e democracia”.

Para a socióloga, o conjunto de informações no post da auditora demonstra um preconceito grave. “Na avaliação dela, os nordestinos são pessoas inferiores que não sabem votar, por isso não merecem ter o direito de escolha”.

Christiany cita que as centenas de publicações nas redes sociais com conteúdos desta natureza é preocupante, demonstrando o preconceito tão latente na nossa sociedade. Entende que este tipo de pensamento não é restrito ao mundo virtual e pode ter um efeito grave na vida real.

“Se no Facebook que todo mundo procura ser o que não é, demonstrar ser politizado, ocorre um comentário grave desse, imagina como é a conduta no dia a dia. No caso da auditora, ela postou o que entendia correto e não deve ter visto problema no caráter preconceituoso da mensagem”.

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