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Assassino de criança em MT é condenado a 35 anos de prisão

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O maníaco Edson Alves Delfino, 30, foi condenado a 35 anos e 3 meses de prisão pela violência sexual, assassinato e ocultação de cadáver do estudante Kaytto Guilherme Nascimento Pinto, 10, crimes praticados no dia 13 de abril de 2009. Somando a pena de 46 anos e 8 meses, pelos mesmos crimes contra Anderson Costa da Silva, 10, e violência sexual de outra criança em Primavera do Leste, ele acumula 81 anos e 11 meses de reclusão. A pena aplicada ontem não é a máxima, que poderia chegar a 43 anos.

O pai da vítima, Jorgemar Luiz Pinto, 46, queria que a pena fosse maior, mas sentiu que foi feita Justiça para o filho. O defensor público Altamiro Araújo, disse que vai recorrer a pedido do réu. "Vou verificar tecnicamente o teor da matéria do recurso".

O promotor João Augusto Veras Gadelha entendeu que a condenação foi justa.

Durante o julgamento, que durou mais de 12 horas, houve unanimidade que o maníaco não pode voltar às ruas. O próprio réu, que se definiu como "um monstro fora de si", disse que não tem condições de viver em sociedade. Mas enquanto a promotoria destacou a importância da aplicação da pena, o defensor público defendia a necessidade de tratamento para Edson, que deveria ser encaminhado para um manicômio judicial.

Para o promotor, condenar o acusado a tratamento seria o mesmo que colocá-lo nas ruas "amanhã", uma vez que de tempos em tempos ele seria avaliado para saber sobre a evolução do seu quadro clínico, que já foi atestado como normal.

O defensor também destacou a necessidade de manter o réu segregado do convívio social, porém disse que cadeia não resolveria o problema de quem precisa de tratamento. Venceu a tese da promotoria.

Confissão – Edson manteve a confissão do crime, mas para a maioria das perguntas a resposta era que não sabia explicar. Mas afirmou que a vontade de cometer o crime "vem" e ele vai até as últimas consequências. Após estuprar e matar, Delfino afirmou sentir nojo dele mesmo e arrependimento. Ele assassina as vítimas por um "impulso do nada", mas no caso do Kaytto admitiu ter ficado com medo de ser descoberto.

O pedófilo tentou convencer que não cometeu o crime de forma premeditada, o que foi afirmado por testemunhas. No matagal onde aconteceu o crime, para evitar reação da criança, ameaçou matá-la. Contou que depois da violência sexual, Kaytto teria dito que iria contar ao pai, quando foi imobilizado, estrangulado e morto.

O promotor perguntou ao réu se ele sentia remorso e a resposta foi "sim". Delfino falou que sonha e lembra das crianças, sentindo culpa pelos crimes e pelo o que sentem as famílias.

No dia do crime, ele diz que tomou cerveja e pinga, combinados com 4 remédios para controle psiquiátrico.

Ao falar sobre os abusos que teria sofrido na infância, o promotor perguntou se ele havia gostado de ter passado pela experiência. A resposta foi não. Em alguns momentos, Delfino se mostrou incomodado e de certa forma alterado com os questionamentos da acusação. Duas perguntas foram feitas pelos jurados: "Qual imagem da vítima ficou na sua cabeça:" e "Porque não ejaculou dentro do corpo de Kaytto". "Prefiro não responder", esquivou-se.

O rapto – Gislaine Xavier Ferreira, 23, que estava no ponto de ônibus quando Kaytto foi levado pelo maníaco, conta que se sentiu incomodada com a presença de Delfino e que ele a encarava muito. Ela relatou que o acusado invadiu a pista na contramão e puxou conversa com o garoto perguntando onde estava o pai dele. Depois de um silêncio, o menino perguntou para onde Delfino iria e ele respondeu que iria encontrar com Jorgemar. Neste momento, o garoto pediu carona.

Dois dias depois a testemunha viu notícias do desaparecimento da criança. "Quando cheguei no serviço fiquei pensando e lembrei que era a mesma pessoa do ponto de ônibus. Liguei para a minha mãe e contei, não sabia o que fazer".

Gislaine procurou Jorgemar e contou o que tinha visto. Foi o pai da vítima que informou à Polícia sobre a testemunha, que fez o retrato falado e reconheceu o réu por foto.

A prisão – O investigador Gardel Ferreira de Lima, 54, responsável pelo setor de Desaparecidos da Polícia Civil, lembrou que Delfino foi preso dentro de um ônibus tentando fugir para Campo Grande (MS). Um acidente na Serra de São Vicente bloqueou o ônibus. Na viatura, o acusado admitiu o crime e apontou o local onde estava o corpo da criança. No local, ele não esboçou qualquer reação, nem arrependimento.

À Polícia, naquele dia, o réu contou que tinha visto o menino no prédio e se interessou por ele. Ficou alguns dias observando a criança e ao vê-la no ponto de ônibus decidiu atacá-la. Para ganhar a confiança da vítima, usou o nome do pai Jorgemar. Ao subir na moto, Kaytto foi levado diretamente para o local onde foi violentado e assassinado.

Edson contou que deu uma gravata na criança e a violentou. Kaytto caiu desacordado e recebeu um leve chute de Delfino que queria conferir se a vítima ainda estava viva. Pegou a cueca da criança, passou no pescoço dela e, com auxilio de um pedaço de pau, a estrangulou com o torniquete improvisado.

Ao perceber que havia matado, Edson saiu, mas voltou para colocar a mochila nas costas de Kaytto.

Sanidade – O psiquiatra Jonas Valença, 53, garantiu que o acusado não possui perturbação mental e trata-se de um pedófilo. Conforme o médico, Edson não gosta de se aprofundar nos assuntos relacionados aos crimes que cometeu, sempre desviando a conversa. Porém, possui uma linha de raciocínio e termina contando sobre os casos.

No entendimento de Valença, Edson terminou matando as vítimas por conta de uma reação delas de contarem sobre o fato. "Não é todo pedófilo que mata, que chega ao extremo como Delfino".

O planejamento do crime também foi lembrado pelo médico. "Ele escolheu a vítima, sabia da rotina. Não foi uma escolha aleatória".

Delfino sabia das consequências dos seus atos e sempre mostrou medo pelo o que poderia ocorrer com ele na cadeia, onde existe uma lei própria entre os presos para punir crimes sexuais. "Ele sabe o que fez. No final da entrevista ele me perguntou: doutor, eu sou um monstro, não sou?".

O psiquiatra acredita que existem mais vítimas de Edson. Por isso, avalia que ele não pode ser colocado no convívio social. "Não entendi como ele foi posto no semiaberto da forma que aconteceu, sem nenhum acompanhamento".

Sobre os abusos sofridos na infância, ele entendeu como uma novidade, pois Delfino nunca havia falado sobre o assunto.

O psiquiatra Zanizor Rodrigues da Silva, 60, afirmou que Delfino não demonstra traços de psicopatia e tinha perfeito entendimento dos crimes que cometeu contra Kaytto. "Não havia prejuízo no controle de vontade. Ele sente atração por menores e sabe as consequências disso".

Zanizor destacou que no entendimento de Delfino o fato de ser pedófilo o deixa "impune" de alguma forma. "Ele contou que em Primavera do Leste, depois de matar o outro menino, foi para casa ensanguentado e falou para a mãe que tinha brigado. A mãe lavou a roupa, ele jantou, viu novela e foi dormir em companhia da mãe, como se nada tivesse acontecido. Sentia-se, de alguma, forma impune".

O psiquiatra explicou que o psicopata é uma pessoa fria, sem sentimentos, sedutora e capaz de se misturar com pessoas de bem.

 

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