A morte do jornalista Ediney Menezes, 44 anos, em novembro do ano passado, em Peixoto de Azevedo (200 quilômetros de Sinop), foi premeditada e teria sido motivada por uma briga com dois dos acusados. É o que consta no inquérito da Polícia Civil, encaminhado ao Ministério Público do Estado (MPE), o qual Só Notícias teve acesso.
A Polícia Civil começou as investigações do caso a partir do vídeo gravado por uma câmera de segurança, que filmou a execução do assassinato. As imagens mostraram quando Ediney parou o HB20 branco, que dirigia, no cruzamento da avenida Itamar Dias com a Getúlio Vargas. Dois indivíduos em uma motocicleta se aproximaram e emparelharam ao lado do veículo, e um dos criminosos atirou de 4 a 5 vezes. “Tais imagens foram imprescindíveis para a identificação dos indivíduos, pois ali se verificou os detalhes dos criminosos e da motocicleta utilizada”, afirmou o delegado no inquérito.
Recuperando imagens de outras câmeras de segurança, a Polícia Civil conseguiu refazer a rota de fuga dos criminosos e ainda descobriu o envolvimento de um terceiro indivíduo, que teria seguido a vítima e repassado informações aos executores do assassinato. “As imagens das câmeras dos estabelecimentos comerciais revelam o sujeito seguindo a vítima por toda a avenida Brasil até a Rua Getúlio Vargas, quando parou sua motocicleta próximo a uma árvore, desembarcou e utilizou o celular, presumindo-se ter dado detalhes da sua localização, pois minutos após a chamada, os executores deram cabo à empreitada criminosa”, consta no inquérito.
Edmundo afirmou, no documento, que, embora não pairassem mais dúvidas sobre a autoria do crime, a Polícia Civil, “por zelo”, ouviu familiares de um dos suspeitos (o que teria pilotado a motocicleta), “tendo ambos, sem sombra de dúvidas, o reconhecido na imagem no momento da execução”. No dia 26 de novembro, a Polícia Civil conseguiu prender o suposto “batedor” do crime. No mesmo dia, os supostos executores do assassinato se entregaram.
Segundo o delegado, todos permaneceram em silêncio durante o interrogatório. Ainda assim, a Polícia Civil conseguiu ouvir uma pessoa próxima aos acusados, que indicou um possível motivo para o crime. Ele relatou que, após o homicídio, questionou os suspeitos sobre o porquê “do cometimento do crime”. De acordo com o depoimento dessa testemunha, um deles respondeu que Ediney teria “humilhado”, ameaçado e mostrado uma arma de fogo para eles. “Assim, para não ficarem desacreditados no meio criminoso, haviam matado Ediney Menezes”, disse a testemunha.
Ainda em dezembro do ano passado, o delegado pediu o indiciamento dos três acusados por homicídio qualificado, cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. O Ministério Público, ao oferecer denúncia, acrescentou ainda a qualificadora do motivo fútil, além da quebra de sigilo telefônico dos acusados. Como a denúncia já foi aceita pela Justiça de Peixoto de Azevedo, os três suspeitos já são réus por homicídio qualificado.
A morte de Ediney teve recuperssão nacional. Em nota, o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor) afirmou, na época, que recebeu com extrema preocupação a notícia do assassinato. Ao mesmo tempo, o sindicato manifestou “toda a solidariedade aos amigos, familiares e colegas de profissão do jornalista”.