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Arcanjo pega 19 anos por morte de Sávio; defesa crê em liberdade a curto prazo

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O ex-chefe do jogo do bicho em Mato Grosso, João Arcanjo Ribeiro, o comendador, acaba de ser condenado pela morte do empresário Sávio Brandão, ocorrida há 11 anos. Por 4 votos a 3, o conselho de sentença o considerou mandante do crime e a pena a ser cumprida é de 19 anos em regime fechado. Ele já está preso há cerca de 10 anos.  Arcanjo seguiu do tribunal direto para a penitenciária, informou o jornal A Gazeta.

O advogado dele, Zaid Arbid, acredita que Arcanjo poderá ir para o regime semiaberto a partir de dezembro porque, em 2002, quando houve o homicídio, não havia a lei de crimes hediondos e Arcanjo poderá  pedir a progressão do crime com um sexto da pena cumprida.

Arcanjo, conforme Só Notícias informou, passou os últimos anos preso em Campo Grande (MS), cumprindo pena por ter sido condenado em alguns crimes. O julgamento começou de manhã e, inicialmente, a estimativa era que durasse mais de um dia. Agora condenado, o comendador estava sendo acusado de mandar matar o empresário, que era dono do jornal Folha do Estado.

O comendador começou a depor por volta das 14h50, respondendo perguntas simples. Quando questionado pelo juiz se cometeu o crime, Arcanjo se defendeu dizendo que não mandou matar Sávio Brandão. “Não tenho as mãos sujas de sangue, não tenho crime”. O juiz afirmou que ele é contraventor e obteve resposta positiva do réu. “O senhor sabe quem matou Sávio Brandão?, perguntou o juiz Faleiros. Arcanjo respondeu: “Não, não sei, ele falava de mim, falava que eu era Al Capone, não existe Al Capone no Brasil, não me sentia atingido”.

O promotor João Augusto Veras Gadelha leu várias acusações contra o bicheiro. Arcanjo disse que ligação com a máfia siciliana é ficção, coisa de cinema. “Nunca liguei para o Sávio, nem tinha o telefone dele, não me senti ofendido”, disse Arcanjo, em relação às notícias vinculadas pelo jornal Folha do Estado sobre suas ações. “Por que essa perseguição em cima do senhor?”, perguntou o promotor. Arcanjo respondeu: “Não sei. A inveja é um negócio muito duro, sou uma pessoa muito humilde. Quem vai admitir um ex-policial crescer na vida? Ninguém quer. Se eu fosse loiro, dos olhos azuis, seria diferente”, disse Arcanjo. “Deve ter outras coisas, mas não sei explicar”. “O que estou passando é ruim, mas aceito”.

O assistente de acusação, Clóvis Sahione, perguntou quanto tempo Arcanjo ficou preso. Ele respondeu que 10 anos, 6 meses e 14 dias. “O senhor não quis processar Sávio”, perguntou Sahione, quando das notícias publicadas no jornal Folha do Estado. Arcanjo reiteirou que não, porque nunca se ofendeu. Arcanjo negou ter emprestado dinheiro para pagar salário de servidores do Estado e que o empréstimo feito à Assembleia Legislativa “não tinha nada a ver” com isso. “O empréstimo da Assembleia Legislativa era pessoal para eles. Não tem nada a ver com o governo”, disse.

O interrogatório de Arcanjo foi encerrado por volta das 15h29. Em seguida, o promotor João Augusto Gadelha expôs a dinâmica do crime com base nos autos. Descreveu também sobre a atuação de Arcanjo no comando do poder paralelo em Mato Grosso, citado em relatórios da Abin e reproduzidos na imprensa nacional, enquanto no Estado somente a Folha do Estado estava dando espaço para o assunto, o que começou a incomodar Arcanjo. O promotor destacou que o delegado do caso e a Justiça fizeram a investigação correta, chegando ao executor Hercules que confessou o crime, deu detalhes e apontou Arcanjo como mandante.

A defesa do comendador começou por volta das 17h40, quando o advogado Zaid Arbid iniciou a fala. Ele disse que Arcanjo estava preso há 10 anos por armação, barganha negociata. Também acha que a família de Sávio merece a verdade. Ele trouxe outros elementos, mas o MP não quis ir em busca da verdade. Falou dos madereiros do nortão e dos presidiário do Ceará que ligavam na Folha do Estado. “A cabeça dele foi decapitada, retirada dele no dia 2 de dezembro de 2002 quando a imprensa o condenou”, argumento ele. “Tudo é armação, tudo é encenação. O pescoço faltante é as faltas de provas contra o João Arcanjo Ribeiro”, sustentou. Zaiad disse que foi preciso deixá-lo foragido em outro país devido a caçada injusta que foi iniciada.

Não houve réplica e tréplica. Com isto, o juiz Marcos Faleiros determinou – por volta das 18h50- que o corpo de jurados se reunisse na sala secreta para decidir se João Arcanjo Ribeiro seria considerado culpado ou inocente pela morte de Sávio Brandão. A votação durou poucos minutos e, por volta das 19h10 os jurados já deixavam a sala secreta e voltavam para o plenário.

(Atualizada às 22h10)

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