João Arcanjo Ribeiro foi condenado a 44 anos e 2 meses de prisão na tarde de hoje (11 de setembro), pelo Tribunal do Júri de Cuiabá. A sessão foi presidida pela juíza da 1ª Vara Criminal da capital, Mônica Catarina Perri de Siqueira. O réu foi condenado pelo homicídio qualificado de Rivelino Jaques Brunini e Fauze Rachid Jaudy Filho, pela tentativa de homicídio de Gisleno Fernandes e pelos crimes de formação de quadrilha e falso testemunho.
De acordo com a denúncia, os crimes ocorreram na tarde do dia 2 de junho de 2002, em frente a uma oficina mecânica na Av. Historiador Rubens de Mendonça. A mando de João Arcanjo Ribeiro, um homem teria se aproximado de Rivelino e disparado tiros de arma de fogo 9mm contra ele, atingindo também Fauze e Gisleno. Rivelino foi atingido por sete disparos e morreu na hora. As outras vítimas foram atingidas com uma bala cada.
Durante o julgamento, o promotor Vinícius Gahyva defendeu a tese de que o réu era chefe do crime organizado em Mato Grosso e responsável pelos assassinatos em questão e pela exploração de máquinas caça-níqueis no Estado. No debate, afirmou que a defesa pretendia canonizar Arcanjo e promovê-lo a santo. “Uma ação de marketing para desfigurar a imagem que ele próprio construiu”, considerou o representante do Ministério Público.
Em contrapartida, o advogado de defesa Paulo Fabrinny disse que não tinha a intenção de beatificar o réu. Para ele, foi construído um mito em cima da imagem de Arcanjo. Durante a explanação, o advogado afirmou que Rivelino foi morto pelos chefes do esquema de caça-níqueis no Rio de Janeiro, por tentar ‘passar a perna’ neles. “Por que ele teria motivos para matar Rivelino? Não existe motivo, não há nada concreto nos autos”, garantiu.
O réu foi condenado pelos homicídios por quatro votos a três. De acordo com Paulo Fabrinny, a defesa vai recorrer da sentença. A condenação é em regime fechado sem possibilidade de apelo em liberdade. O julgamento de Arcanjo teve início na manhã de ontem (10 de setembro) e durou aproximadamente 21 horas. No primeiro dia, foram ouvidas seis testemunhas presenciais, lidos nove depoimentos, e interrogado o réu. Nesta sexta ocorreram os debates, réplica, tréplica, votação do conselho e definição da sentença.
Outros réus – em julho deste ano, Célio Alves de Souza e Julio Bachs Mayada foram condenados, nesse mesmo processo (código 139220), a 46 anos e 10 meses e a 41 anos de reclusão em regime fechado, respectivamente. Arcanjo seria julgado na mesma data mas, como constituiu um novo advogado, solicitou o adiamento do júri.
Condenações – este é o segundo julgamento popular de Arcanjo. Em 2013, ele foi condenado a 19 anos de prisão pela morte de Domingos Sávio Brandão. Além disso, cumpre pena de 25 anos por crimes contra o sistema financeiro. Atualmente ele está preso na Penitenciária Federal de segurança máxima de Porto Velho (RO).
(Atualizada às 19h10)