O avião da Força Aérea Brasileira, trazendo o bicheiro João Aranjo Ribeiro, acaba de pousar no aeroporto Marechol Rondon, em Várzea Grande. Ele desembarcou usando colete à prova de balas, algemado, e trajando calca jeans, camisa de manga longas e tênis, sem barba e bigode. Arcanjo, apontado como chefe do crime organizado no Estado e que estava preso há 3 anos no Uruguai, foi colocada em uma viatura blindada da Polícia Federal e levado para uma cela isolada no presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá, onde terá, segundo o sistema prisional, tratamento de preso comum. Usará uniforme e vai se alimentar do marmitex fornecido aos demais presos. Só deverá receber visita de seu advogado.
100 policiais federais e militares estiveram aeroporto fazendo a segurança. O helicóptero da PM também reforça o esquema.
Arcanjo foi condenado a mais de 37 anos de cadeia por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. Ele fugiu no dia que foi deflagrada a operação Arca de Noé, há 3 anos e 3 meses. Foi preso, meses depois, usando nome falso na capital Uruguaia. Estava residindo em uma mansão e mantinha contatos com integrantes do grupo que liderava. Foi através de escutas telefônicas que a Interpol chegou até Arcanjo.
Os demais envolvidos com a quadrilha foram presos e condenados. O gerente Luiz Dondo, o contador Nilson Ribeiro (que gerenciava factorings de Arcanjo), o ex-cabo Hércules (apontando como principal pistoleiro) o ex-coronel Lepeuster, o ex-soldado Celio Alves foram julgados pela Justiça. Nilson está em regime semi-aberto. O ex-soldado Celio fugiu do mesmo presídio onde Arcanjo vai. O ex-coronel Frederico Lepeuster cumpre pena em regime domiciliar.
A mulher de Arcanjo, Silvia Chirata, apontada como sua sócia, está presa no Uruguai e, por questões processuais, não foi presa e extraditada. Porém, foi condenada pela justiça brasileira.
Arcanjo, através de seus advogados, tentou de todas as formas continuar preso no Uruguai e evitar a extradição. Mas perdeu, nos últimos 20 dias, dois recursos que foram analisados pela Suprema Corte Uruguaia. A polícia do uruguai teria descoberto uma possível tentativa de fuga de João Arcanjo Ribeiro.
O juiz mato-grossense Julier Sebastião da Silva esteve, em Montevidéu, há poucos dias, acompanhado da secretário nacional de Justiça, definindo detalhes para a extradição.
Na prisão uruguaia, Arcanjo era tratado como preso comum e, na cela, podia assistir televisão e ler livros. No final do ano passado, concedeu uma entrevista onde negou ter mandado matar o empresário Savio Brandão, dono do jornal Folha do Estado, que vinha fazendo sucessivas denúncias e criticas a Arcanjo. O ex-cabo PM Hércules confessou que estava na moto e executou Savio.
(Atualizada às 18:34hs)