O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) minimizou o resultado da pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, que apontou queda na intenção de voto do candidato. Para o tucano, os institutos de pesquisa têm errado sucessivamente nesta eleição.
“Eu sempre gostei de estatística, isso é ciência. Mas como erraram né? É uma barbaridade. A campanha inteira: não vai ter segundo turno, não vai ter segundo turno, não vai ter segundo turno… Você pode escolher quem errou menos”, afirmou o candidato em entrevista à radio Bandeirantes nesta manhã.
“(No primeiro turno) foi subestimada a minha votação, superestimada a do Lula. É pesquisa de fluxo, não é casa a casa…. É um problema de metodologia”, acrescentou Alckmin referindo-se ao método utilizado pelo Datafolha, que consiste em fazer as entrevistas em pontos de grande movimentação de pessoas nas cidades.
De acordo com o Datafolha, o presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oscilou de 50 por cento das intenções de voto para 51 por cento, enquanto Alckmin passou de 43 por cento para 40 por cento. Considerando os votos válidos, Lula ficou com 56 por cento ante 44 por cento de Alckmin.
A pesquisa foi a primeira realizada depois do debate entre Lula e Alckmin no último domingo, na TV Bandeirantes.
Segundo o levantamento, Alckmin não teria se saído tão bem no debate na percepção dos eleitores mais escolarizados e de maior renda em relação as intenções de voto conquistadas nesta faixa do eleitorado em pesquisas anteriores.
Indagado se sua estratégia agressiva no debate não teria sido equivocada, Alckmin disse apenas que vai continuar a “desmentir as mentiras” de Lula.
“Eu vou falar para o Brasil… E desmentir as mentiras, porque é todo dia uma mentira para gerar medo e para ganhar voto. Vou desmentir e vou falar a verdade”, afirmou.
O candidato não avalia que o debate ficou apenas no campo das acusações, sem a discussão de propostas para o país. “A questão ética não é uma questão lateral, ela é uma questão substantiva, uma questão programática. Precisa ter princípios, valores, não é vale-tudo na política”, disse.
CORTANDO GASTO
Alckmin voltou a afirmar que, se eleito, pretende vender o avião presidencial, o chamado “Aerolula”, e construir hospitais com o dinheiro. Disse ainda que pretende atuar no corte de gastos públicos, mas de forma evasiva: disse apenas que pretende cortar na corrupção e na ineficiência do Estado.
Ele evitou entrar no mérito da discussão das projeções feitas recentemente pelo economista Yoshiaki Nakano, apontado como potencial ministro da Fazenda em um eventual governo tucano. Nakano acha possível reduzir os gastos governamentais em um volume equivalente a 3 por cento do PIB.
“O que vamos fazer é melhorar a qualidade do gasto público… O país cresce, mas você não deixa crescer na mesma proporção os gastos públicos”, disse o candidato.
Um dos focos do corte, segundo ele, seria a “corrupção” e o “desperdício”, além do aparelhamento do Estado. “Se você tiver uma política fiscal melhor, você pode ter taxa de juros menores”, afirmou. “Meu adversário diz que não vai cortar gasto, então ele vai aumentar imposto”, acrescentou.
O tucano refutou mais uma vez as acusações de seu adversário de que pretende privatizar estatais se for eleito. Ele qualificou de “desespero” a atitude de Lula. “É desespero. O próprio presidente-candidato (fica) colocando mentira sem parar…”, disse.
Para ele, o segundo turno vai recomeçar nesta quinta-feira com a retomada da propaganda eleitoral no rádio e TV.
“A campanha vai recomeçar, ela já deu uma esquentada no domingo no debate e ela recomeça amanhã… O segundo turno começa amanhã com a televisão e o rádio. É uma outra eleição, zera tudo, começa daqui pra frente”, afirmou.