O diretor da penitenciária Osvaldo Florentino Leite, o "Ferrugem", Pedro Ferreira Martins Filho, esteve, ontem, em Cuiabá, juntamente com representantes dos agentes prisionais do Estado que entregaram uma proposta de adequações e melhorias ao governador Silval Barbosa (PMDB). Os agentes reivindicam reajuste salarial, convocação de servidores, adicional de insalubridade, entre outras melhorias.
Segundo o diretor da unidade, caso um acordo não aconteça, parte do efetivo de Sinop vai aderir a greve, que deve iniciar na quinta-feira, por tempo indeterminado. Atualmente 57 agentes se dividem em plantões. Caso a paralisação ocorra, apenas 30% do efetivo será mantido. Para Pedro, a situação é crítica já que a população carcerária do Ferrugem é de cerca de 700 pessoas. "Vamos ter que receber orientação da secretaria", disse.
De acordo com a assessoria do Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindesspen), membros da comissão negociadora da pauta de reivindicação 2012/2014 se reuniram, ontem, com o secretário de Estado de Administração (SAD), Francisco Faiad, e outras autoridades. O secretário declarou que vai discutir as questões de insalubridade, convocação de efetivo e aprovação de minutas. "Essas questões eu poderei discutir com vocês, mas a questão da tabela não tenho como conversar neste momento, não tenho como fazer contraproposta, pois ainda não temos nem como certo a reposição da inflação. Depois da implantação do reajuste salarial anual de todos os servidores, no dia 1 de maio, precisaremos de mais uns 60 dias para voltar a discutir esse assunto", disse.
Faiad se comprometeu em participar da assembleia com os servidores penitenciários para esclarecer a situação financeira do Estado e os motivos da não recomposição salarial no momento.
Conforme Só Notícias já informou, a previsão é de que as atividades emergenciais sejam cumpridas normalmente, pois 30% do efetivo deve continuar trabalhando. Segundo o presidente do sindicato, João Batista Pereira de Souza, em algumas unidades será necessário manter 100% do quadro de servidores.
Em Mato Grosso, são 2,2 mil servidores divididos entre agentes penitenciários, assistentes e profissionais de saúde de nível superior, entre médicos, psicólogos, dentistas e outros. A greve, segundo o presidente do sindicato, atinge as 65 unidades prisionais existentes no Estado.
No mês passado, autoridades de Sinop cobraram junto a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos melhorias, já que a capacidade é para 350 reeducandos. O ideal, segundo a secretaria, é 35 agentes por turno. A classe reivindicou a contratação e qualificação imediata de 42 agentes que já estão aprovados em concurso público e aguardam convocação. Na ocasião, o juiz criminal, João Guerra denunciou a situação de risco e alertou para os problemas estruturais. Para o magistrado, uma rebelião de grandes proporções só depende da vontade dos presos. "Quem crê tem que crer que existe Deus que cuida daquilo. Todos os dias os agentes colocam as vidas em risco quando vão trabalhar. Estamos falando de uma tragédia anunciada", alertou Guerra.