Depois do episódio tratado pela Polícia Civil como roubo seguido de sequestro contra a empresária Marnie de Almeida Cláudio de Cursi, esposa do ex-secretário de Fazenda, Marcel Souza de Cursi, a defesa dele solicitou à Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) que garanta escolta policial para a empresária. O requerimento, formulado pelo advogado Roberto Tardelli, foi endereçado diretamente ao secretario de Segurança, Roger Jarbas, mas ainda não há uma resposta se a solicitação será ou não atendida.
Marcel de Cursi está preso há mais de 10 meses no Centro de Custódia de Cuiabá acusado de participar de um esquema de corrupção que envolvia extorsão a empresários e cobrança de propina para que contratos com o Estado e incentivos fiscais que beneficiavam as empresas das vítimas não fossem suspensos. O esquema foi desarticulado por meio da Operação Sodoma deflagrada em setembro de 2015 e que está em sua 3ª fase.
Na última terça-feira (21), a esposa do ex-secretário foi vítima de 3 criminosos que chegaram no portão da casa dela armados e a levaram algemada para um matagal onde praticaram agressões físicas e psicológicas contra Marnie exigindo que ela revelasse o local em que Marcel de Cursi teria escondido o dinheiro.
Marnie relatou ao delegado Flávio Stringueta, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que os criminosos usavam uniformes da Polícia Civil e num primeiro momento alegaram que iriam cumprir um mandado de prisão contra ela. O veículo utilitário da vítima foi levado pelos bandidos, mas abandonado pouco tempo depois na Avenida Fernando Corrêa da Costa com a bolsa e os documentos pessoais da vítima dentro. O caso segue sob investigação da GCCO.
Para o advogado Roberto Tardelli, que patrocina a defesa de Marcel de Cursi, a “culpa é da imprensa” que através de “vazamentos seletivos” fica divulgando informações do processo e “colocando em risco” não só os réus como também seus familiares.
Resistente e “indignado”, ele conversou com o Gazeta Digital e reclamou do novo “vazamento” sobre o requerimento de escolta policial para a esposa do ex-secretário. Mas confirmou que fez a solicitação esta semana e ainda aguarda uma resposta. “Foi feito requerimento ao secretário em razão dos fatos que ela reportou do sequestro e que se deu em função de um vazamento de informação controlados e seletivos”.
De acordo com Tardelli, enquanto Marcel de Cursi está preso, a esposa dele está “sozinha é frágil dentro de uma casa” suscetível a ações criminosas, que são resultado, segundo ele, dos “vazamentos indevidos”. O advogado argumenta que Marnie Cursi foi vítima e “sequestro e ato de terror” e por isso solicita ao secretário de segurança que garanta proteção policial a ela.
Novo pedido de sigilo
A ação penal contra Marcel de Cursi e outros réus, entre eles o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e o ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá sob a juíza Selma Rosane Santos Arruda. Roberto Tardelli vem tentando, há meses, colocar o processo sob segredo de Justiça para impedir que a imprensa acompanhe e divulgue os atos e andamento processual. Selma Rosane negou e afirmou não haver motivos para decretar sigilo nos processos envolvendo Cursi.
Agora, após o episódio do sequestro, o advogado de Cursi voltou a pedir que a magistrada decrete sigilo na ação decorrente da Operação Sodoma. Tardelli disse ao Gazeta digital que a magistrada ainda não analisou o novo pedido.