A adolescente idínega, de 15 anos, disse em depoimento para a Polícia Civil em Canarana (820 km de Cuiabá) que tem interesse em ficar com sua filha recém-nascida, que havia sido enterrada viva, na terça-feira passada, pela avó e bisavó que premeditaram e planejaram o que seria feito com o bebê logo depois do parto. As duas continuam presas e a criança segue hospitalizada, em Cuiabá. A polícia apurou o crime foi motivado pelo fato da mãe da bebê ser solteira.
O inquérito policial foi concluido ontem, com indiciando a bisavó pelo crime de homicídio tentado qualificado, porém o delegado responsável, Deuel Paixão de Santana, acredita na participação de outros envolvidos. Em relação à bisavó, Kutsamin Kamayura, 57 anos, o judiciário deferiu pedido da Funai (Fundação Nacional do Índio) para que ela ficasse detida (prisão preventiva) na instituição no município de Gaúcha do Norte. Ela já foi transferida.
A avó da criança, Tapoalu Kamayura, 33, segue presa em Nova Xavantiva mas existe pedido impetrado pela Funai para que também seja transferida – pedido ainda não analisado pelo judiciário.
A conclusão do inquérito obedece previsão legal de prazo quando se tratar de acusado preso (neste caso flagrante da bisavó). As investigações prosseguem, à disposição do Judiciário e Ministério Público, para apurar em detalhes a participação de outros envolvidos no crime.
Conforme Só Notícias já informou, o feto/recém nascido havia sido enterrado em uma residência e policiais foram avisandos se deslocando imediatamente para o local. Ao iniciarem a escavação em busca do corpo, ouviram o choro do bebê, constaram que estava vivo e o levada a unidade de saúde sendo transferido para Cuiabá devido a gravidade de seu estado de saúde.
A bisavó Kutsamin Kamayura, alegou para a polícia que a criança não chorou após o nascimento, por isso acreditou que estivesse morta e, segundo costume de sua comunidade, enterrou o corpo no quintal, sem acionar os órgãos oficiais. Em continuidade às investigações, a Polícia Civil com oitivas de testemunhas envolvidas no caso, apurou a conduta e participação da avó da vítima, Tapoalu Kamayura, que tinha conhecimento da gravidez da filha, em razão da adolescente ser solteira e o pai da criança já ter casado com outra indígena. Durante todo período gestacional também ministrou chás abortivos para interromper a gravidez, segundo os depoimentos colhidos. A informação é da assessoria da Polícia Civil.