Uma quarta pessoa está envolvida no assassinato do jornalista Auro Ida, 53. Trata-se do adolescente R.A.Q.A.V., 17 anos, morador do Jardim Fortaleza e namorado de uma mulher com quem a vítima havia se relacionado. De acordo com o Ministério Público (MP), ele também participou do consórcio formado para executar Ida. A informação consta no despacho da juíza da 12ª Vara Criminal, Maria Aparecida Ferreira Fago, que aceitou a denúncia e decretou a prisão preventiva dos outros 3 acusados, Rubens Alves de Lima, 29, Alessandro Silva da Paz e Evair Peres Madeira Arantes, 19, o "Baby". Com isso, o trio passa a ser processado pelo crime. Após a fase de instrução, eles podem ser pronunciados e enfrentarão o tribunal do júri. Dos 3 maiores, apenas Lima, apontado como mandante do crime, está foragido.
O processo contra o adolescente corre na 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude e também há pedido do MP pela internação dele. A juíza responsável pela Vara, Célia Regina Vidotti está em férias e apenas os casos em que os menores estão apreendidos são analisados no período.
No despacho, a juíza aponta que a principal testemunha do caso, a jovem Bianca Nayara Correa de Souza, 19, ex-esposa de Lima, reconheceu Baby como autor dos 6 tiros que mataram o jornalista. A ligação estabelecida entre os 4 acusados foi conseguida por meio de quebra do sigilo telefônico, que mostrou muitos contatos entre eles dias antes e depois do crime, 21 de julho.
No entanto, a confirmação da identidade do executor de Ida só foi possível após muita insistência por parte do MP e da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo caso. Ela tinha medo de represálias, uma vez que ainda mora no mesmo bairro que os 4 envolvidos.
De acordo com a denúncia, Lima e o adolescente se
sentiam humilhados com a presença do jornalista no bairro. Além de namorar a ex-mulher do primeiro, Ida teve um rápido relacionamento com a namorada do menor e, mesmo após o término da relação, a auxiliava comprando roupas, móveis e pagando contas de água e luz.
Os 2, repetidas vezes, comentaram com testemunhas que não gostavam da situação. "A cabeça de Auro estava assando", teria dito Lima a uma terceira pessoa. Então, o menor ficou incumbido de procurar alguém disposto a matar Ida por R$ 1,5 mil mais uma pistola calibre 380, a mesma usada na execução. No período, ele encontrou Silva e os 2 passaram a procurar a pessoa que seria responsável pela execução. Uma das pessoas que recebeu a proposta recusou e disse ter se regenerado e passado a frequentar a igreja.
Baby aceitou e, na noite de 21 de julho, quando Ida deixava Bianca em casa, pediu a ela que saísse do carro em que o casal estava e disparou 6 vezes contra o jornalista, tiros que atingiram as regiões da cabeça e do tórax. O jornalista morreu no local e Baby fugiu em sua bicicleta "acreditando, certamente, na impunidade".