Será realizada amanhã, às 9h, na Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado, a audiência de instrução dos acusados de integrarem a organização criminosa especializada no roubo de carretas, adulteração de sinais identificadores de veículos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro, denunciada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Estão previstos depoimentos de oito testemunhas de acusação, sendo que quatro serão por carta precatória.
De acordo com o promotor de Justiça Arnaldo Justino da Silva, a audiência refere-se aos processos dos acusados que estão presos. São eles: Loidemar Silva Landefeldt, o "Nico; Salvador Ferreira de Jesus Júnior e Francisco Alcides Lopes Farias, o "Paraíba. Os processos relacionados a Miguel Arcângelo Ferreira de Jesus e Celso Luiz Lodea, que foram soltos recentemente, também serão analisados durante a audiência.
A quadrilha foi desarticulada no final do mês julho, por meio da operação "Dublê", realizada pelo Gaeco, com o apoio das Polícias Rodoviária Federal (PRF), Militar (PM) e Civil. Na ocasião, foram apreendidos 03 caminhões/tratores e seis semi-reboques, documentos e computadores, além da prisão de integrantes do grupo.
O promotor de Justiça do Gaeco explica que o acusado de ser o chefe dos receptadores, Loidemar Silva Landefeldt, e seu auxiliar, Salvador Ferreira de Jesus Júnior, estão presos desde o dia 29 de julho, ou seja, há 83 dias. O terceiro acusado, Francisco Alcides Lopes Farias, está preso há 76 dias.
Segundo ele, após ter sido oferecida a denúncia criminal, ocorreu a apreensão de outros caminhões adulterados e receptados, e a denúncia foi aditada. O Ministério Público teve, inclusive, que solicitar ao juiz a separação dos processos de réus presos e soltos para acelerar o trâmite processual.
"Mesmo assim, trata-se de um processo complexo envolvendo crime organizado e muitos réus. O juiz, corretamente, somente recebeu a denúncia e marcou audiência depois que todos os réus presos apresentaram a defesa preliminar", destacou o representante do MPE.
Segundo ele, a defesa foi regularmente intimada, mas somente há poucos dias a última defesa preliminar foi apresentada. Foram expedidas várias cartas precatórias para oitiva de testemunhas de acusação e defesa. "A duração do processo está razoável, não havendo falar-se em excesso de prazo para a formação da culpa", afirmou o promotor de Justiça.
DENÚNCIA: A primeira denúncia criminal oferecida pelo Gaeco incluiu 14 pessoas. No aditamento, foram incluídas mais três pessoas. De acordo com o coordenador do Gaeco, procurador de Justiça Paulo Roberto Jorge do Prado, a quadrilha era bastante organizada e já atuava no Estado há mais de 13 anos.
Existem suspeitas da participação ativa de um dos líderes da organização criminosa PCC. Além de Cuiabá, foram cumpridos mandados de apreensão nos municípios de Rondonópolis, Jaciara, Paranatinga e Nova Ubiratã, além de cidades do Estado de Goiás e outros da Federação.
"MODUS OPERANDI": A quadrilha, conforme apurado pelo Gaeco, adquiria caminhões roubados e outros sinistrados com as mesmas características para adulteração e montagem para posterior venda. Também adquiria caminhões licitadamente e depois receptava caminhões roubados e os clonavam como se fossem caminhões lícitos, passando a rodar com dois caminhões com as mesmas características com a diferença de que um era lícito e outro era clone, resultado de adulteração.
Estima-se que, para cada veículo, a quadrilha gastava em torno de R$ 70 mil para adequá-lo, vendendo-o em seguida por aproximadamente R$ 170 mil. Para não levantar suspeitas, a organização criminosa alugava fazendas para promover as adequações necessárias nos veículos roubados. Desde que a quadrilha foi desarticulada, o Gaeco já conseguiu apreender e periciar 06 caminhões/tratores e 07 semirreboques.
Segundo o promotor de Justiça Arnaldo Justino da Silva, outros 02 caminhões/tratores e 05 semi-reboques foram apreendidos recentemente, em Rondonópolis, Primavera do Leste e Campo Verde, com apoio da PRF. Até o momento, foram realizadas perícias apenas no caminhão e nos dois semi-reboques apreendidos em Primavera do Leste. Em relação aos dois semi-reboques, a adulteração já foi comprovada.