Pecuaristas do município de Juara lançaram hoje em Cuiabá e em Juara, a campanha de ‘Desmatamento Ilegal Zero’. Os organizadores orientam os produtores a não abrirem novas áreas sem autorização na floresta, fazer derrubada de juquira (conhecido como capoeirão, onde começa a regeneração da floresta e que precisa de autorização para ser derrubado), extrair madeira sem manejo florestal e não fazer queimadas. “Juara é a capital do boi legal e vamos mostrar que produzimos de forma sustentável e trabalhamos de forma legal, sem destruir o meio ambiente”, avisa o produtor e vice-presidente da Acrivale – Associação dos Criadores do Vale do Arinos, Fernando Conte. Ele acrescenta que “nosso compromisso é de desmatamento ilegal zero, sem tolerância, uma iniciativa que vai garantir o futuro de nossa atividade e a preservação do meio ambiente”.
A campanha, lançada simultaneamente em Cuiabá e Juara, será desenvolvida numa parceria entre a Acrivale, o Sindicato Rural de Juara e a Acrimat – Associação dos Criadores de Mato Grosso. Além de panfletos e cartazes que serão distribuídos, o pecuarista também irá receber a orientação durante a entrega do comunicado de vacinação contra a aftosa nos postos do Indea – Instituto de Defesa agropecuária. “Será feita uma campanha corpo-a-corpo com o produtor rural, que já está bem consciente aqui na região do Arinos de não abrir novas áreas sem autorização”, disse o presidente da Acrivale, Sebastião Piovezan. O presidente do Sindicato Rural de Juara, Orivaldo Bezerra, disse que o produtor que não participar da campanha “não vai poder chorar depois pedindo socorro ao sindicato”.
O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, disse que “a associação apoia o exemplo e a iniciativa dos produtores de Juara e esperamos que sejam seguidos por todos os pecuaristas”. Vacari lembra que o pecuarista vem fazendo sua parte no que diz respeito a preservação ambiental e que a abertura de novas áreas tem sido evitada. Segundo levantamento do Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – o desmatamento evitado nos últimos 15 anos, por investimentos feitos pelos produtores, foi de 16,8 milhões de hectares em Mato Grosso “e isso mostra que produzimos com responsabilidade”.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Alexander Maia, disse que “este é um momento extremamente importante e representativo para Mato Grosso, onde o produtor toma a iniciativa de lançar essa campanha de desmatamento ilegal zero, pois este é também o objetivo de todos nós”. Maia falou que “são iniciativas como esta, dos produtores de Juara, que fizeram com que de 2004 a 2010 Mato Grosso reduzisse em 93% o desmatamento e esperamos que este exemplo seja seguido por todo setor produtivo”.
“Estamos vivendo um momento ímpar, novo, com a essa união de esforços dos produtores, entidades de classe e órgãos públicos”, disse o superintendente do Ibama – MT, Ramiro Martins. Ele pediu aos produtores que “chamem os órgãos fiscalizadores quando encontrarem alguém infringindo a lei, para que ele seja punido e com isso mostramos que os verdadeiros produtores não são bandidos, como muitas vezes são taxados”.
O diretor da Acrimat, Julio Rocha, ressaltou que a Acrimat vem realizando um trabalho intenso junto ao produtor com o objetivo de levar informação que provoquem melhorias e crescimento para o setor produtivo. “Essa campanha será levado aos pecuaristas de todo estado e podem ter certeza que a Acrimat não vai tolerar, nem encobrir, ações isoladas de pessoas que não tem nenhum compromisso com a produção sustentável”, ponderou Rocha.
Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do Brasil, com 28,7 milhões de cabeças e Juara é o município com o maior plantel, com quase 1 milhão de animais, produzidos numa área de 680 mil hectares. Juara, que fica a 664 quilômetros de Cuiabá, possuiu uma das terras mais preservadas do Brasil, com 70% de seu território. Segundo dados do Indea, das 3.950 propriedades rurais, 70% possuem até 300 cabeças de gado, 19% das fazendas até mil cabeças, em 9% até 3 mil animais e apenas 2% acima de 3 mil. “As propriedades de pequenos porte já estão com suas áreas consolidadas, sem necessidade de novas aberturas”, explica Fernando Conte.