A primeira leva da literatura “Sobre Viver. Enquanto houver 1% de chance lute até o fim!”, já foi totalmente comercializada, segundo a escritora e estudante de psicologia Bruna Verlingue, de 22 anos, que se encontra na fila de espera por um transplante de fígado devido à uma doença genética. Ela detalha sua história e experiências de vida, buscando trazer uma mensagem positiva ao público sobre como viver, na ótica de seu quadro clínico.
A condição surgiu em sua infância e foi encaminhada para tratamento em Curitiba, onde durante um ano de internação foram verificadas aos seus 5 anos de idade “duas tromboses, sendo uma de veia torta que fez com que eu tivesse problemas no fígado, e uma trombose cerebral que me fez perder o olfato. Ao longo dos exames, confirmaram que eu tinha complicações na medula por um fator genético, ela seria infantil demais para minha idade, não produzindo a proteína K, e isso faz com me seu sangue coagule”.
Com o passar do tempo, os efeitos passaram a prejudicar vários órgãos. “O meu baço e coração cresceram, o meu fígado não recebe sangue e o rim trabalha muito. Minha medula precisa ser trocada um dia, mas meu corpo está debilitado então há outras coisas que são prioridade. Eu faço cirurgias no esôfago a cada dois meses, tomo medicamento e sofro com muitas dores”, explicou.
Toda a família precisou abrir mão de si, de acordo com Bruna. “Nós rodamos o Brasil, fomos a Campo Grande, Porto Alegre, São Paulo tentando achar alguém que pudesse resolver. Quando entrei para fila de transplante de fígado em Curitiba, aos 16 anos, todos se mudaram para lá, então sempre tivemos que nos adequar a isso”.
O processo também afetou sua infância e vida pessoal, não podendo “frequentar bem a escola, brincar com crianças, meu corpo era cheio de hematomas, tinha convulsões, em conversas as vezes eu começava a sangrar pelo nariz ou pela boca. Mas eu queria tanto viver, e os médicos diziam que eu devia passar meus dias como se fossem os últimos, me fazendo aprender a valorizar cada um”.
A ideia para o livro surgiu somente ano passado, quando o esposo Marcos Semprebom a incentivou em compartilhar seu estilo de vida na internet. “Eu digo que meus dias não podem terminar sem algo de bom, pois se ele for meu último, eu preciso aproveitar. Essas coisas que ensinava para o Marcos e que vivemos na nossa casa ele queria que mostrasse às pessoas, então passei a postar vídeos sobre psicologia, humor, coisas para descontrair, ganhando notoriedade”
Mas foi apenas depois de contar sua “história e do Marcos, mostrando como nós nos conhecemos, que o caso estourou. Eu ganhei mais de 100 mil seguidores, recebi várias mensagens de pessoas que mudaram o curso de suas vidas por conta de um só vídeo, e uma editora nos procurou dizendo que a história deveria ser escrita. Isso é mais do que uma autobiografia, porque eu decidi colocar ali um método de como viver hoje, ter uma vida em que você deixará um legado. Não se trata só de sobreviver, mas sim de como você vai ser lembrado quando não estiver mais aqui. Todos conhecem alguém que está desistindo de viver, passando por um momento difícil, perdeu alguém, descobriu uma doença ou que passou por abusos, e nosso objetivo é ajudar essas pessoas ”, concluiu.