Possível contratação do jogador Bruno Fernandes das Dores de Souza, ex-goleiro do Flamengo, para atuar no Clube Esportivo Operário Várzea-grandense divide opiniões entre torcedores e população da Baixada Cuiabana. O jogador, que foi preso em 2010, acusado de participação na morte da mãe de seu filho, Eliza Samudio, cumpre pena no regime semiaberto e, segundo a direção do tricolor mato-grossense, aguarda apenas o aval da Justiça de Minas Gerais para compor o elenco do time mais tradicional da Cidade Industrial.
Uma das “figurinhas carimbadas” da torcida do Ceov, que apoia integralmente a vinda do ex-atleta rubro negro, é a servidora pública Fátima Pitanga, 58. Ela, que tem formação em Direito, diz que se a Justiça o liberou para estar no convívio da sociedade e a legislação prega pela ressocialização dos criminosos, não é a população que deve negar a Bruno o direito de trabalhar. “Ele foi preso, julgado, condenado e cumpriu em regime fechado o que tinha que cumprir. Na justiça dos homens ele está pagando e quando morrer terá que encarar a justiça divina. Mas, enquanto está por aqui, merece uma segunda chance”.
Fátima salienta que os torcedores do Chicote da Fronteira desejam o que é melhor para o time e, se a diretoria acredita que o goleiro virá para ajudar a vencer o Campeonato Estadual Mato-grossense, todos devem apoiar a contratação. “Ele tem um ótimo currículo como profissional. Jogou no time que atualmente é o campeão brasileiro. O que fez em sua vida particular não deve se misturar com o futebol”.
Nascido em berço tricolor e um dos líderes da torcida organizada do Ceov, Honório Magalhães, 63, também apoia a contratação de Bruno. Salienta que é contra os crimes pelos quais o atleta foi condenado, mas que não é juiz para julgá-lo. “A Justiça está aí para isso. Se ele realmente for contratado para jogar no meu time do coração, quando ele chegar vou beijá-lo e abraçá-lo e desejar que ele faça o melhor dele enquanto goleiro, para que nosso time seja campeão 2020”.
Desde que veio à tona a possível contratação de Bruno para atuar no Ceov, nos grupos de torcedores não se fala em outra coisa. Apesar de muitos se mostrarem contra a vinda dele para Mato Grosso, Honório destaca que a maioria defende sua atuação pelo tricolor. “Temos dois grandes grupos de torcedores. O Operário Sempre e a Força Jovem. Juntos somam quase 400 torcedores e posso dizer que 80% são a favor de ter o Bruno como nosso goleiro”, diz Magalhães.
Mas, ao contrário do que pensam Fátima e Honório, a também torcedora fiel e fanática do Ceov, Elair Brito, 59, mais conhecida como “dona Juju”, se mostra totalmente contra a contratação em questão. Ela lembra da postura de Bruno enquanto homem e pai e destaca que se ele não respeitou aquela que deu a vida a um filho dele, não respeitará a torcida feminina. “Não somos ninguém para julgar, mas se é para dar minha opinião prefiro ele longe daqui. Ele cometeu um crime bárbaro, tirou a mãe de uma criança indefesa e não deu nem o direito da mãe da Eliza a enterrar”.
Dona Juju acredita que as atitudes de Bruno deveriam ser repensadas. Segundo ela, quando ele se envolveu em um homicídio, provavelmente achou que tal atitude não refletiria em sua vida pessoal e muito menos profissional. “Ele deveria trabalhar com outra coisa. Mas, se quer jogar, que jogue em um time da terra natal dele, não aqui”.