João Ricardo Cozac, psicólogo do esporte, blogueiro da Gazeta Esportiva.net e presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte, já contestou a escolha de Thiago Silva como capitão da Seleção Brasileira por vê-lo isolando-se e chorando antes das cobranças de pênalti contra o Chile, no sábado. Mas o zagueiro disse ignorar as críticas, defendeu-se citando a superação de uma tuberculose e relacionando as lágrimas a caráter.
“Meu caráter é assim. Sou muito emotivo, me emociono, é o que tem de mais natural do ser humano. Isso não me atrapalha em nenhum momento dentro de campo. Estão falando bobagem”, apontou o jogador, questionado durante sua entrevista coletiva nesta tarde, no Castelão, em Fortaleza, sobre sua postura nas oitavas de final da Copa do Mundo.
O camisa 3 se apegou ao grave problema de saúde que teve há nove anos para ressaltar que sua maneira de lidar com problemas é correta. “Passei por um momento difícil quando tive tuberculose, corri risco de morte. Por isso, me considero um cara campeão não só dentro de campo, mas fora”, afirmou.
Thiago Silva considerou natural a sua reação ao se isolar do grupo, deixando Paulinho, que tinha acabado de virar reserva, motivando quem bateria os pênaltis. “O que tive foi descarregar. Era uma pressão muito forte para ganhar o jogo. Se perdêssemos, voltaríamos para casa. Descarreguei porque me entrego com corpo e alma no que faço. Não tem como não se emocionar quando você faz algo com gosto.”
O defensor até tentou se mostrar ‘surdo e cego às críticas’. Fez questão de colocar sua mão no braço de Luiz Felipe Scolari para se sentir apoiado com a tarja que carrega no braço. “Quando essas coisas são ditas, você tem, primeiro, que olhar para o lado. O meu comandante está aqui, do meu lado, e não me contestou em nenhum momento. Nenhum dos que falaram isso me conhecem, não estão no dia a dia e não sabem como sou”, avisou.
“O próprio (presidente da CBF, José Maria) Marin me ligou ontem, almoçou conosco na Granja Comary e disse que está tranquilo. Por isso, não ligo para o que falam. Em termos psicológicos, estamos bem. Tenho minhas responsabilidades, minha maturidade e o respeito de todos”, indicou o zagueiro, tentando mostrar tranquilidade para não apontar publicamente que quem o contesta é considerado inimigo.
“Não tenho nada engasgado, muito pelo contrário. Até porque não escutei muitas coisas. É a coisa mais natural esse tipo de pressão e comentário, mas não vai agregar nem me ajudar em nada. Precisamos do apoio, nada negativo vai entrar porque não vai nos puxar para baixo. O que for bom, o Felipão passa para nós”, avisou.