No dia em que o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de futebol em 2014, deputados e senadores decidiram investigar denúncias de fraudes em clubes brasileiros. Pedido de criação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) foi protocolado hoje (30) no Senado para, inicialmente, investigar denúncias contra a gestão do Corinthians, de São Paulo.
“Temos de investigar esse esquema de lavagem de dinheiro no futebol brasileiro. A parceria da MSI com o Corinthians confirmou isso. É uma movimentação de recursos que está clandestina e isso tem prejudicado muito o futebol brasileiro”, disse o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), um dos encarregados de coletar assinaturas na Câmara.
Em 2004, o Corinthians assinou contrato com a MSI Licenciamentos e Administração, empresa interessada em investir no clube. Denúncias e investigações mostraram que por trás da MSI estava o milionário russo Boris Berezovsky, procurado pela Interpol. Sobre ele pesam acusações como lavagem de dinheiro e até envolvimento com a chamada máfia russa.
Foram recolhidas 38 assinaturas de senadores e 209 de deputados. Sílvio Torres lembrou que essas assinaturas já haviam sido coletadas antes, mas para evitar que fossem retiradas e o argumento de que a CPI atrapalharia a escolha do Brasil como sede da Copa de 2014, deixou para apresentar o requerimento hoje. “O argumento que tem sido usado de que prejudicaria a candidatura do Brasil não se sustentou”, disse.
Os integrantes da CPI devem investigar denúncias de evasão de divisas, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) avisou que a CPI vai investigar, também, contratos de venda de jogadores para o exterior. Para isso, alguns desses jogadores também poderão ser chamados para prestar depoimento.
“A CPI pretende investigar clubes, empresários de jogadores e jogadores. Centenas de jogadores foram negociados com o exterior nos últimos anos. Há que se conferir no Banco Central o registro dessas operações – se elas foram legais ou ilegais”, disse o senador, que em 2003 presidiu a CPI do Futebol no Senado para investigar sonegação de impostos e contribuições previdenciárias, e irregularidades na venda de jogadores.
“A CPI constatou as mesmas irregularidades existentes hoje. O processo é lento e lamentavelmente a CPI não sepultou as ilicitudes praticadas na administração do futebol. Elas continuam vivas”, disse Dias.