O São Paulo confirmou na noite desta quarta-feira, na estreia de Alexandre Pato no Morumbi, sua classificação para a segunda fase da Copa do Brasil. O atacante abriu o placar, cobrou a falta do segundo gol, viu Luis Fabiano confirmar a vitória por 3 a 0 sobre o CSA e deu até carrinho. A primeira partida do ex-corintiano no estádio foi também a última da gestão do presidente Juvenal Juvêncio, que deixará o poder após oito anos.
Daqui a uma semana, Juvenal entregará o cargo para Carlos Miguel Aidar, candidato da situação, ou ao oposicionista Kalil Rocha Abdalla. Já o próximo compromisso do São Paulo no mata-mata ainda não tem data. Mas tem oponente: será o CRB, também de Alagoas, que eliminou o Rondonópolis.
Nesta quarta-feira, em vez de cobrança pela eliminação no Campeonato Paulista (duas semanas atrás, para o Penapolense), o clima foi de apoio irrestrito da torcida. Desde o momento em que o time subiu a campo – com o goleiro Rogério Ceni de camisa amarela, cor que tradicionalmente batiza a chapa de situação nas eleições presidenciais do clube – até o apito final e a confirmação da classificação. Ainda no primeiro tempo, houve, inclusive, "ola" nas arquibancadas do Morumbi.
O jogo seria fácil para o São Paulo. Mas Pato precisa driblar provocações para se dar bem em sua primeira partida com a camisa tricolor no estádio. Logo aos dois minutos, o lateral direito Pedro, do CSA, buscou confusão e trocou empurrões com o atacante. O árbitro e os assistentes fizeram vistas grossas, e os dois jogadores continuaram se estranhando por algum tempo até que o ex-corintiano fosse finalmente esquecido pelo adversário.
O atacante só começou a ser esquecido porque ele não era o único a chegar ao campo ofensivo. No primeiro terço de jogo, o São Paulo fez uma blitz e encurralou a equipe alagoana, chegando invariavelmente pelas laterais, ora com Douglas (pela direita), ora com Osvaldo (pela esquerda). De efetivo, porém, apenas um arremate de longa distância do meia Maicon, que passou à esquerda da meta defendida por Pantera.
A blitz se transformaria em gol aos 19 minutos. Após boa troca de passes pela faixa direita do campo, Luis Fabiano recebeu de costas para a marcação e atrasou para Maicon. O meia caminhou com a bola por alguns metros e achou Pato livre, por trás da dupla de zagueiros. Com apenas um toque na bola, o atacante tirou do alcance de Pantera, que calculou mal o tempo de saída e nada pôde fazer para impedir a abertura do placar.
"Fazer gol no Morumbi é muito especial", disse o estreante no estádio, no intervalo, para justificar a comemoração efusiva, com muitos socos no ar, após ter balançado a rede. Antes carrasco são-paulino, quando defendia as cores do Corinthians e eliminou sua agora equipe no Estadual, ele agora fazia a festa dos torcedores comuns e organizados (estes inicialmente contrários à sua contratação).
Todos usaram a voz para festejar uma tentativa de drible de Pato próximo à bandeirinha de escanteio e também para, segundos depois, reclamar da não marcação de uma falta no jogador. Omisso em alguns lances importantes, o árbitro daria o primeiro cartão amarelo aos 27 minutos, quando o volante Lucas ergueu demais a perna para fazer um desarme e acertou a barriga de Paulo Henrique Ganso. O segundo foi no final do primeiro tempo, no momento em que Diego Clementino esbravejou para pedir um pênalti não assinalado.
Entre uma advertência e outra, o CSA aumentou ligeiramente sua posse de bola de bola e criação. Tendo perdido o jogo de ida por 1 a 0 e precisando da virada para passar de fase, o time alagoano teve mais calma e ímpeto ofensivo para trocar passes e só não empatou o jogo, aos 32 minutos, porque o volante Souza se atirou nos pés de Diego Clementino e travou um chute que sairia à queima-roupa de Ceni. Três minutos mais tarde, em nova bobeada da defesa são-paulina, Diego Costa pegou sobra e arriscou da entrada da área, porém Ceni espalmou com o antebraço.
O cenário na volta para o segundo tempo foi mais semelhante ao do começo do primeiro, com o São Paulo no comando das ações. Aos quatro minutos, Luis Fabiano quase ampliou a vantagem, mas Pantera deu um tapa para escanteio. Oito minutos depois, foi a vez de Alexandre Pato desperdiçar ótimo passe de Osvaldo e, sem marcação alguma dentro da área, chutar por cima do travessão. O CSA até esboçou um ou outro contragolpe, mas a diferença de qualidade técnica era abissal.
Na vontade, muitas vezes também prevaleceu a do São Paulo. Como em um carrinho de Pato na intermediária que levou a torcida à loucura. Tipo de atitude que a torcida corintiana sentia falta em sua passagem pelo Parque São Jorge e nos jogos disputados no Pacaembu. No Morumbi, ao menos em sua primeira atuação, a história começou diferente. Ainda sobrou tempo para, aos 32 minutos, ele cobrar falta que teria desvio no meio do caminho (de Mineiro, contra, ou de Luis Fabiano) para aumentar a vantagem tricolor.
Cinco minutos mais tarde, Luis Fabiano – sem dúvida – usou a cabeça para fechar a conta. Ele subiu mais do que a marcação, após cruzamento vindo da esquerda, e contou com ajuda do goleiro Pantera, que espalmou a bola e o sonho alagoano para a rede.