Pela primeira vez, o São Paulo é campeão brasileiro junto com o seu torcedor. Em 1977, 1986 e 1991, o título veio em jogos fora de casa contra, respectivamente, Atlético-MG, Guarani e Bragantino. Porém, neste domingo, o Tricolor comemorou a conquista com três rodadas de antecipação no empate por 1 a 1 diante do Atlético-PR com o apoio de mais de 68 mil são-paulinos.
O destino quis que o título viesse contra o Furacão, justamente o adversário na final da Libertadores da América do ano passado, o início da consagração da atual geração do clube. Os paulistas ainda mantiveram um tabu de 23 anos sem derrota em casa para o adversário de Curitiba.
Um fato curioso marcou a decisão. O São Paulo só pôde comemorar cerca de oito minutos depois do fim de sua partida. Tudo porque o Tricolor precisou esperar a confirmação da derrota do vice-líder Internacional contra o Paraná Clube, em Curitiba.
Com o título, o São Paulo encerrou uma série de 15 anos de resultados modestos na competição nacional. Neste período, o Tricolor acumulou, no máximo, terceiras colocações, em 1999, 2003 e 2004, e viu ascensão de rivais como Palmeiras, Corinthians e Santos. Agora, o time do técnico Muricy Ramalho joga sem responsabilidade nas duas próximas rodadas, contra Cruzeiro, em casa, e Paraná Clube, fora.
A presença maciça da torcida no Morumbi deixou o jogo quente em seus instantes iniciais. Na primeira investida são-paulina, Danilo se esforçou para alcançar uma bola no lado esquerda e acertou o rosto do goleiro Kléber em uma dividida.
Com os ânimos mais calmos, o São Paulo ficou com a iniciativa das ações. Após dois chutes de fora da área sem perigo, o Tricolor criou a primeira chance. Elemento surpresa, Mineiro aproveitou cruzamento da esquerda e, com estilo, finalizou por cima.
Aos 24 minutos, o Tricolor utilizou sua principal arma nos últimos jogos – a bola parada – para abrir o marcador e levar o Morumbi ao delírio. Souza cobrou fechado falta do lado esquerdo, o goleiro Kléber não saiu do gol e Fabão surgiu na pequena área para desviar. Foi a deixa para surgir novos gritos de “tetracampeão”.
Soberano, o São Paulo passava quase todo o tempo com a bola nos pés. Aos 31, quase veio o segundo. Danilo aproveitou cruzamento de Ilsinho e cabeceou para excelente intervenção de Kléber. Em seguida, um susto. Ao tentar dar um pique, Aloísio sentiu novamente contusão na coxa e acabou substituído por Lenilson.
Na volta do intervalo, o Atlético-PR optou por uma substituição: Marcelo Silva no lugar de Alan Bahia. Como aconteceu na etapa inicial, o São Paulo começou o segundo tempo com arremates de fora da área. Seguro, Kléber defendeu sem dificuldades.
Com 12 minutos do segundo, os gritos de campeão ficaram mais forte, já que, em Curitiba, o Paraná Clube ficava em vantagem contra o Internacional. Em campo, os ânimos se exaltaram após dividida entre Miranda e Kléber na área. O árbitro Alício Pena Júnior preferiu só contemporizar.
A partida seguiu morna até os 24 minutos, quando Ilsinho driblou um adversário na direita e rolou para Lenílson, que fintou um adversário e bateu para ótima intervenção de Kléber. Aos 34, o Atlético-PR ameaçou estragar a festa com o gol de empate, em um chute de fora de Christian.
Com o apito final do árbitro, a torcida explodiu de emoção, mas só alguns jogadores – a maioria deles reservas – tomaram a iniciativa de comemorar. Líder do time, Rogério Ceni apenas concedeu entrevistas. “É a regra do jogo, temos que esperar”. Depois de alguns minutos, veio a comemoração completa.