O primeiro duelo entre São Paulo e Cruzeiro pelas oitavas de final da Copa Libertadores esteve muito próximo de ficar no zero. Por culpa principalmente de Fábio, que fez cinco importantes defesas nesta quarta-feira. O goleiro do time mineiro, no entanto, não suportou a superioridade adversária até o fim. Aos 37 minutos do segundo tempo, Ricky Centurión anotou o gol da vitória por 1 a 0, em noite de recorde de público no Morumbi.
Substituto de Michel Bastos, que contraiu dengue, o meia-atacante teve outras oportunidades ao longo do jogo, mas, assim como seus colegas, teve muita dificuldade diante do goleiro cruzeirense e das traves. Sua insistência, porém, o levou a confirmar a previsão de Alexandre Pato – na véspera, o atacante apostou que a noite de quarta-feira seria do ex-jogador do Racing, que já havia sido decisivo em triunfo sobre o Danubio, no Uruguai, pela fase de grupos.
A decisiva partida de volta será daqui a uma semana, no Mineirão. Para eliminar o atual bicampeão brasileiro, o segundo melhor time do País em 2014 – e que, aos poucos, começa a se acertar nesta temporada – precisará apenas de um empate. Antes disso, no entanto, ambos jogam pelo Campeonato Brasileiro. O São Paulo, ainda no Morumbi, recebe o Flamengo, no sábado. Um dia depois, o Cruzeiro recebe o Corinthians, em Belo Horizonte.
O ritmo empregado pelo São Paulo no começo do jogo desta quarta-feira fez lembrar o da última partida, contra o Corinthians. Desta vez, porém, sem Michel Bastos, que contraiu dengue e foi substituído pelo meia-atacante argentino Ricky Centurión. Também sem o volante Hudson, o qual deu lugar a Wesley, reforço finalmente inscrito no torneio. Com os dois, o time se manteve veloz e agressivo, diante de um Cruzeiro disposto a se defender desde o apito inicial.
A primeira defesa não demorou. Aos cinco minutos, após cruzamento do lateral direito Bruno, Centurión saltou e cabeceou no canto esquerdo baixo do Fábio, que se esticou e espalmou a bola para longe. O problema é que a primeira ação do goleiro foi também a única durante boa parte do primeiro tempo. Depois do susto inicial, a retaguarda da equipe mineira penou, mas conseguiu conter as perigosas chegadas são-paulinas tanto pelos lados quanto pelo meio da área.
Sem novas oportunidades pelo alto, a equipe da casa passou a arriscar finalizações de fora da área em alguns momentos. Wesley, duas vezes, e Alexandre Pato chutaram em cima da marcação em suas tentativas. Luis Fabiano, o único centroavante apto fisicamente no elenco, cumpria suspensão pela expulsão na última partida e fez falta. Falta fez também o volante Souza, ao derrubar Mena no lado direito da zaga. Foi desse lance de bola parada, aos 27 minutos, que saiu a melhor chance do Cruzeiro, desperdiçada por De Arrascaeta com conclusão da entrada da área por cima do travessão.
Apesar da desatenção, o São Paulo ainda tinha o controle do jogo. Centurión infernizava o lado esquerdo da defesa cruzeirense juntamente com Bruno. Foi por ali também que Wesley teve liberdade, aos 35 minutos, para cruzar da linha de fundo. Pato, mesmo atrapalhado por Rafael Toloi, cabeceou no contrapé de Fábio. O goleiro, mais uma vez, trabalhou bem e impediu que o placar fosse aberto. Com ajuda do zagueiro Manoel, é verdade, que ficou com o rebote em cima da linha e completou o serviço ao mandar a bola para fora da área.
Daí até o intervalo, curiosamente o Cruzeiro teve seu melhor momento na primeira etapa. Um chute de De Arrascaeta para fora, mas na rede, chegou a enganar sua torcida, que estava do lado oposto e comemorou como se fosse gol. Pouco depois, aos 41 minutos, Leandro Damião recebeu passe a alguns metros da meia-lua e experimentou. O chute saiu fraco, no meio do gol, e foi computado como a primeira defesa de Rogério Ceni na partida.
No segundo tempo, os dois times ofereceram muito mais espaço. O Cruzeiro aceitou o risco e também chegou mais ao ataque, quase sempre com Marquinhos e De Arrascaeta. Como antes do intervalo, no entanto, o último toque na bola quase sempre saía pela linha de fundo ou chegava fácil às mãos de Rogério Ceni. Como aos 21 minutos, quando um cruzamento teoricamente perigoso do argentino cruzeirense desviou na marcação e fez a bola perder força e direção ideais.
Fábio, sim, sofreu. E desde o primeiro minuto da etapa, quando espalmou uma pancada de Reinaldo de fora da área. O goleiro ainda foi ajudado pelo travessão em cabeceio de Pato e fez outras duas difíceis defesas. Uma em cabeceio de Centurión. A outra, em arremate colocado de Pato no ângulo esquerdo. Aos 37 minutos, contudo, ele finalmente foi vazado. Para alegria da maioria dos 66.369 presentes, Centurión aproveitou cruzamento de Bruno e vazou Fábio com um cabeceio à queima-roupa.