O plano da cidade de Penha, em Santa Catarina, de contar com um autódromo para receber a Fórmula 1 a partir de 2015 ainda está no papel e nem uma estimativa completa de custos foi realizada, mas um telefonema pode fazer as obras começarem. A prefeitura da cidade e o governo do Estado, que tentam tirar de São Paulo a etapa nacional da categoria de elite do automobilismo mundial, esperam apenas um sinal de Bernie Ecclestone, chefe comercial da F-1, para iniciar os trabalhos na área próxima ao parque de diversões Beto Carrero World.
O local já conta com um kartódromo, que recebe entre outras provas o Desafio das Estrelas organizado por Felipe Massa, e uma pista de motocross, onde neste fim de semana foi disputada a sétima etapa do Campeonato Mundial. No último ano, Ecclestone visitou Penha antes do GP Brasil de F-1 em Interlagos e conheceu o projeto do autódromo, já nos moldes atuais da categoria.
“Estamos prontos. Se o Bernie sinalizar, a coisa começa do dia para a noite”, afirmou o prefeito de Penha, Evandro Eredes dos Navegantes, à Gazeta Esportiva.net. Segundo o político, no entanto, as obras devem ter início mesmo sem ordens expressas do chefão da F-1 e têm previsão de conclusão para o segundo semestre de 2015.
O projeto de Penha de receber a Fórmula 1 ganhou força recentemente por conta das reclamações de Ecclestone sobre a estrutura encontrada em Interlagos para a categoria. Com contrato com São Paulo até 2014, o britânico praticamente condicionou a renovação do vínculo à realização de reformas pleiteadas há anos.
A principal queixa do dirigente é das áreas de boxes e paddock, que devem ser transferidas para onde hoje é a Reta Oposta. A reforma, orçada em R$ 120 milhões, ainda não foi iniciada, mas o prefeito paulistano Fernando Haddad sinalizou sua realização. Após as últimas reclamações de Bernie, o mandatário da maior cidade do Brasil se apressou em garantir que fará as obras para assegurar a permanência da F-1.
“Será construído um autódromo, isso já é ponto batido. A nossa ideia é daqui dois anos entregar a pista pronta já dentro dos moldes da FIA [Federação Internacional de Automobilismo] para trazer a Fórmula 1, mas inúmeras outras categorias podem vir para Penha. O primeiro passo é montar o circuito”, explicou o político catarinense.
Apesar da empolgação do prefeito Evandro Eredes dos Navegantes, o projeto do autódromo de Penha ainda não tem orçamento definido, nem cronograma de obras. Mesmo assim, o mandatário da cidade garante que negociações com a Formula One Management [FOM], empresa que administra a F-1, já existem.
A pequena cidade catarinense, com população estimada em aproximadamente 25 mil pessoas, tem ganhado força dentro do cenário do esporte a motor nacional. Com um kartódromo e uma pista de motocross construídos dentro do Beto Carrero World, o município recebe eventos como o Desafio das Estrelas e as 500 milhas de kart e a etapa sul-americana do Mundial de motocross.
Sem retorno direto com estes eventos, realizados em propriedade particular e com investimento da iniciativa privada, o prefeito acredita que a movimentação da economia local seja o principal benefício ao município. Uma das maiores fontes de renda da cidade é o turismo, sobretudo no verão, impulsionado pelas praias e a proximidade a Balneário Camboriú.
Segundo estimativas da prefeitura, um evento como a etapa brasileira do Campeonato Mundial de motocross gera em torno de R$ 300 mil em um fim de semana. Em São Paulo, os cálculos apontam movimentação de cerca de R$ 230 milhões durante todo o ano, entre investimentos de empresas particulares e gastos de turistas que viajam até a cidade para acompanhar a Fórmula 1.
“Cidade litorânea sofre com o problema da sazonalidade e nós temos procurado trazer os eventos fora da alta temporada porque dentro o Parque Beto Carrero não teria como absorvê-los por causa do grande público que já recebe”, avaliou Eredes dos Navegantes.
Desde 2011, a prova do Brasil encerra o Campeonato Mundial de Fórmula 1, já nos últimos dias de novembro.