Sem ter poder para decidir a saída de Gilson Kleina, o gerente de futebol Omar Feitosa pôde apenas ouvir o técnico nos vestiários após a derrota por 6 a 2 para o Mirassol e dar entrevistas sem garantir nada. A definição deve ocorrer em reunião nesta quinta-feira, com a presença do presidente Paulo Nobre e do diretor executivo José Carlos Brunoro.
O encontro acontecerá, provavelmente, à tarde, já que Nobre volta da Europa pela manhã. O dirigente está há dez dias afastado do clube para chefiar a delegação da Seleção Brasileira na Suíça e na Inglaterra e ainda passou por Portugal, onde se reuniu com a diretoria do Benfica, antes retornar ao Brasil. O presidente não assistiu ao jogo em Mirassol por conta da viagem de volta.
A reunião nesta quinta-feira será necessária porque Kleina não pediu demissão nos vestiários, como já se esperava no clube desde o intervalo do jogo – a derrota por 6 a 2 foi definida ainda no primeiro tempo. O treinador, contudo, tanto nos vestiários quanto em sua entrevista coletiva, se colocou firme na luta para reerguer a equipe.
"Não desisto. Trabalho com muito mais afinco, vergonha na cara e sentindo tudo isso", disse Kleina, que só pôde falar com Omar em Mirassol, já que Brunoro ficou na capital após participar de seminários sobre o futuro do futebol brasileiro. "Conversei com o Omar na maior tranquilidade para fazermos uma avaliação e levantarmos a cabeça. Temos que reagir", discursou o técnico.
Para se desfazer do treinador, a diretoria terá que lidar com problemas financeiros, um dos maiores obstáculos desta gestão. Gilson Kleina tem multa rescisória em seu contrato, válido até dezembro, e ainda não recebeu parte dos salários referentes aos meses em que trabalhou no ano passado. Tudo será negociado para ele sair.
O desempenho dessa quarta-feira não será tão decisivo caso os dirigentes optem pela demissão de Kleina. O técnico nunca esteve entre os favoritos de Nobre e Brunoro, mas ambos optaram por lhe dar chance, já que assumiram o clube em meio às primeiras rodadas do Campeonato Paulista, e prometeram só avaliá-lo quando preenchessem seu elenco.
Dez reforços chegaram e, apesar de quatro deles estarem impedidos de jogar a Libertadores, a análise é de que o treinador já poderia ter encontrado um time ideal. Em vez disso, se contenta com resultados que não deveriam empolgar tanto, como os 0 a 0 com São Paulo (que jogou com um a menos durante quase todo o segundo tempo) e Santos (desfalcado de Neymar e Montillo) e a vitória sobre o Botafogo-SP.
Mas Kleina, contratado em setembro e que falhou na tentativa de evitar o rebaixamento no Brasileiro, quer ficar e ser uma solução em vez de acabar apontado como responsável pelo momento do Palmeiras. "O trabalho nosso e da diretoria é árduo. Não eximo minha parcela de culpa no rebaixamento, mas vamos procurar soluções em vez de achar que A ou B é culpado", disse o técnico.