quinta-feira, 19/setembro/2024
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Reprovação em teste físico afasta mulheres da arbitragem no Estado

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O futebol de Mato Grosso está sem o brilho e sensibilidade feminina nos gramados. No dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, um dado desanimador no quadro de arbitragem da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF). Há uma queda no número de mulheres interessadas em conhecer as regras da modalidade. No atual Campeonato Mato-grossense não há nenhuma mulher trabalhando.

Do final da década de 90 para metade da atual havia um grande número de mulheres auxiliando os árbitros nos gramados mato-grossenses. No Estado, o interesse pelo apito começou com a ex-auxiliar Elisângela de Almeida, filha do ex-árbitro Ismar Gomes. Ela é considerada a pioneira no apito. No auge, o quadro estadual chegou a ter oito mulheres assistentes de arbitragem. Todas elas chegaram a atuar de forma regular por muito tempo.

Hoje, o número se resume a seis novatas. A maioria do interior do Estado. Elas são Rosana de Oliveira, de Canarana, Munise Rodrigues dos Santos, Karine Laís Corvetto, Naianyy Aparecida Souza Aires, todas de Primavera do Leste, Lanara Lopes, de Sinop e Viviane Pereira, única de Cuiabá. Nenhuma ainda está preparada para assumir a bandeira em jogos válidos pela principal divisão do Campeonato Estadual.

Da antiga geração, restaram Eliane Cristina e Maria Procedina. Atualmente, elas estão afastadas do quadro. A primeira foi reprovada no teste físico no início do ano e a segunda se desligou por questões profissionais.

A febre de mulheres a beira do gramado em Mato Grosso atingiu seu apogeu quando Carolina Pereira de Sena, formada em Medicina Veterinária, surgiu. Sua beleza, os olhos azuis e o corpo com belas formas, encantavam o torcedor e até mesmo jogadores. Deixou a bandeirinha em 2009 para se dedicar à profissão e a família. Casou-se e hoje mora no Rio de Janeiro.

O ex-árbitro Maurício Aparecido Siqueira, que deixou o apito no final do ano passado e que hoje ocupa a chefia da sessão operacional da Comissão Estadual de Arbitragem da FMF, ressalta que ainda há preconceito e resistência contra a mulher no futebol. De acordo com ele, a discriminação de que o "futebol é esporte só para homem" é um dos motivos pela queda no número de assistentes femininas no quadro de arbitragem em Mato Grosso.

Outro fator apontado por Maurício pela retirada das mulheres dos gramados é o teste físico, principal responsável pela maioria das reprovações. "Hoje a avaliação física é igualitária. Isto é, vale tanto para homens quanto para as mulheres. Estes testes têm afastado muitas delas do quadro. Por exemplo, a Eliane Cristina não está trabalhando hoje por que foi reprovada no teste no início do ano. Tecnicamente, ela (Eliane) é uma das melhores, mas não suportou a avaliação física", disse Maurício Aparecido.

Mas o ex-árbitro, que chegou a integrar o quadro Nacional de Arbitragem da CBF, atesta a qualidade e a vantagem de ser auxiliado por mulheres. "A vantagem é que elas são atentas, sensíveis. São educadas, além da coragem de quererem atuar numa área dominada pelo sexo masculino. Eu tiro o chapéu para aquelas mulheres que escolhem o futebol para trabalhar", elogiou.

Maurício Aparecido ressalta que em Mato Grosso há resistência por parte da maioria dos clubes quando o trio de arbitragem é composto por uma mulher. Segundo ele, dirigentes, técnicos e até jogadores "desconfiam" do trabalho por acharem que as auxiliares mulheres não vão ter pulso para assinalar algum lance duvidoso. "Mas mesmo sob forte pressão da torcida, as auxiliares sobressaem muito bem. Não tenho nada a reclamar quando tive mulheres me auxiliando, pelo contrário só tenho elogios e agradecê-las pelo companheirismo e competência nos jogos em que estive no apito", disse o ex-árbitro Maurício Aparecido.

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