No duelo dos “avessos” na Vila Belmiro, a antes azarã Ponte Preta comprovou que está longe de ser um “cavalo paraguaio” e bateu o, outrora favorito, Santos por 1 a 0, na noite desta quarta-feira, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Com isso, a Macaca se segura mais uma vez na liderança do Nacional pela sétima rodada consecutiva, chegando aos 32 pontos na tabela, um a mais que o Corinthians. E, além disso, o triunfo do visitante deixa o Santos em uma situação delicada na competição.
O campeão brasileiro sofreu o terceiro revés seguido, sendo o segundo na Vila, e quem pode pagar o pato é o técnico Gallo, muito criticado pela torcida e por parte da diretoria. O resultado pode custar a cabeça do treinador, que, mais uma vez, foi incapaz de evitar a apatia de seus comandados.
Apesar da terceira derrota, o Peixe permanece na quinta colocação, com 24 pontos, graças aos tropeços de São Caetano, Cruzeiro e Juventude, e ao empate entre Goiás e Fluminense, que poderiam ultrapassar a equipe santista.
No primeiro tempo, o Santos não teve qualquer criatividade para superar a retranca da Ponte, que mantinha o tempo inteiro, pelo menos, cinco atletas na defesa. Sem inspiração, o Peixe só teve uma grande oportunidade e irritou a torcida.
Na etapa final, quem mudou de postura foi a Ponte. Com um toque de bola rápido, a Macaca aproveitou o nervosismo do rival e abriu o placar com Evando, aos oito. A partir daí, o time da casa insistiu nas jogadas aéreas, foi para a pressão total, mas Rissutt e Carlinhos tiraram duas bolas em cima da linha e garantiram a vitória do líder, que era apenas um candidato ao rebaixamento no início da competição. Já o favorito Peixe pode encarar a terceira troca de técnico no ano.
Na próxima rodada, o Santos bota sua crise à prova no clássico contra o Corinthians, na Vila Belmiro, neste domingo. No mesmo dia, a Ponte Preta tenta manter a liderança diante do Inter, em Campinas.
O jogo
Precisando da vitória para se recuperar do momento ruim, o Santos, porém, ficou devendo e muito nos primeiros 45 minutos. Com um ritmo lento, excesso de passes errados e sem muita criatividade, o atual campeão brasileiro foi presa fácil para a retranca da Ponte, que mantinha o tempo inteiro cinco homens no campo de defesa.
Sem ânimo para buscar o ataque, a Macaca só se preocupava em se defender e viu o time da casa errar demais. Uma mostra da fraca etapa foi aos quatro minutos, quando Diego fez uma bela jogada individual, driblando três jogadores, mas simplesmente isolando a bola na finalização.
Com uma cadência irritante, o Santos demorava a virar a bola, insistia nos lances pelo meio, facilitando assim a defesa adversária. Desta forma, o Peixe só voltou a levantar o seu torcedor aos 19, em uma falta cometida por Thiago Matias na entrada da área. Na cobrança, Ricardinho acertou a barreira.
Seis minutos depois, Geílson perdeu a melhor oportunidade. Ele foi lançado em velocidade na direita, invadiu a área e bateu cruzado, mas Lauro se esticou todo para salvar. A partir daí, o campeão brasileiro simplesmente parou. Com Ricardinho novamente apagado, o time só via Giovanni tentar alguma jogada, mas sem efeito.
A Ponte, por sua vez, continuou recuada e acabou ainda assustando aos 31, com o meia Evando puxando um contra-ataque. Ele abriu para Danilo que, porém, chutou nas mãos de Saulo. No intervalo, o atacante Kahê reclamou dos companheiros. “A equipe está muito recuada. Não fica ninguém na frente, temos de tocar mais a bola”, pediu.
Mudança realizada: E a cobrança do artilheiro do Brasileiro foi, enfim, atendida na etapa final. Mas, logo aos três minutos, o Santos deu um susto na Ponte em falta de Diego sofrida a um passo da área. Na cobrança, porém, Ricardinho acertou de novo a barreira.
Três minutos depois, Bóvio deixou Wendel na pequena área, mas o volante chutou pela linha de fundo. Após os dois sustos, a Ponte fez o que Kahê pediu e chegou ao gol. Aos oito, Bruno dominou na esquerda e cruzou. A zaga do Peixe afastou mal e, na sobra, Evando acertou o canto direito de Saulo.
A partir daí, o Santos despertou e mostrou um time com atitude totalmente diferente. O anfitrião foi com tudo ao ataque, mas viu Lauro fazer uma boa atuação. Aos 11, Wendel cruzou da esquerda e o estreante Frontini cabeceou nas mãos do camisa um. Seis minutos depois, o mesmo atacante recebeu na entrada da área e exigiu boa defesa do goleiro.
A tática do Santos, obviamente, abriu espaços para a Ponte, que teve o contra-ataque à disposição, mas Evando não soube aproveitar, aos 20. Em seguida, a Macaca quase foi castigada em cruzamento de Paulo César, que encontrou a cabeça de Frontini, mas parou em outra bela defesa de Lauro.
A pressão levou o técnico Nenê Santana a fechar ainda mais sua equipe na defesa. Ele colocou o volante Romeu e o meia Gabriel nas vagas de Evando e Danilo, respectivamente. Ao mesmo tempo, Gallo, sem opções, tirou um atacante (Diego) e pôs o meia Edimilson.
Com praticamente toda equipe recuada, a Ponte passou a ser alvejada por uma série de cruzamentos. Aos 32, Wendel dividiu com Lauro, a bola sobrou para Luciano Henrique, mas ele acertou Carlinhos. Três minutos, foi a vez de Giovanni cabecear para fora um cruzamento de Wendel.
Mas a grande chance foi mesmo aos 43, quando Giovanni fez bela jogada individual na direita, bateu cruzado e Rissutt, em cima da linha, cortou. Foi o golpe final no Peixe, que vê a crise se fortalecer e que pode custar o emprego do técnico Gallo.