A Ponte Preta fez o papel de visitante indigesta e, neste sábado, agüentou a forte pressão do Guaratinguetá para chegar à decisão do Campeonato Paulista. Bem armada pelo técnico Sérgio Guedes, a Macaca jogou com inteligência e com o regulamento embaixo do braço, segurando o melhor futebol dos donos da casa e sendo recompensada com uma heróica virada: 2 a 1.
Apesar de ter saído atrás no placar, a Ponte contou com a sorte e chegou ao empate menos de dois minutos depois de sofrer o gol de Nenê. Ainda viram Aranha, o melhor em campo, defender pênalti aos 37 da etapa inicial e fechar o gol no segundo tempo.
Mesmo após a expulsão de Eduardo Arroz, aos 15 minutos do segundo tempo, a Ponte mostrou “espírito de final” e alcançou a classificação com o dedo de Sérgio Guedes, que acabara de trocar Renato por Wanderley e viu o atacante marcar, no contra-ataque, o gol que levou a Macaca à sua quinta decisão Estadual na história.
O jogo: O Guaratinguetá começou o jogo martelando a Ponte Preta e levou perigo ao goleiro Aranha duas vezes em menos de quatro minutos, com Nenê, em cobrança de falta, e em cabeçada de Alessandro, que passou tirando tinta da trave esquerda campineira.
Disposta a mostrar que não foi ao Vale do Paraíba apenas para se defender, a Macaca deu a resposta aos nove. Renato cobrou escanteio fechado, Fábio rebateu e, na sobra, Luis Ricardo bateu firme, mas o goleiro do Guará fez excepcional defesa, evitando a abertura do marcador.
Aos 24 minutos, enquanto os torcedores da Ponte trocavam socos com os policiais atrás do gol de Fábio, o jogo seguia empolgante. Aranha salvou gol certo de Alessandro com linda defesa e o goleiro do Guará fez novo milagre no contra-ataque, em chute forte de Danilo Neco.
Melhor em campo, o Guará foi recompensado no minuto seguinte. Contra-ataque bem armado e puxado por Michael, que viu Nenê livre pelo meio. Atendendo o grito da arquibancada, o camisa dez virou o jogo e serviu Nenê, que dominou com categoria e deslocou Aranha: 1 a 0.
Não deu tempo nem para respirar. Aos 27, Renato cobrou escanteio fechado e Luis Ricardo, de cabeça, ganhou da zaga e do goleiro Fábio: 1 a 1, para desespero dos jogadores do Guará, que queriam a marcação de tiro de meta na origem do lance.
O jogo seguiu eletrizante e o Guará teve a chance de pular novamente à frente depois que Alessandro “cambalhota”, ex-Santos e Corinthians, entrou driblando na área e foi derrubado aos 34 minutos. Na cobrança do pênalti, Michael cobrou à meia altura, no canto direito, mas Aranha se esticou todo para fazer a defesa, salvar a Macaca e assegurar a igualdade até o intervalo.
Pressão e decepção: O segundo tempo pode ser descrito em duas palavras: pressão e decepção. Até os 33 minutos, o que prevaleceu foi a pressão do Guará, que sufocou a Macaca no campo de defesa, mas parou nas mãos de Aranha, em noite inspirada.
A partir dos 33, no entanto, a pressão transformou-se em decepção. Com dez homens em campo (Eduardo Arroz foi expulso aos 15 minutos), Sérgio Guedes resolveu apostar nos contra-ataques e trocou Renato por Wanderley.
A ousadia deu certo e, em sua primeira participação, Wanderley se aproveitou de um erro do Guará na saída de bola para receber o passe de Luis Ricardo e definir a sorte da partida, marcando o gol da virada e definindo a classificação da Ponte para a decisão do Paulistão.
O técnico Guilherme Macuglia ainda tentou reverter a situação mandando a campo o atacante Caiuby, que teve passagem relâmpago pelo São Paulo. O Guará pressionou, mas, no final, o canto mais forte no estádio foi dos torcedores campineiros, que deixaram o local entoando o hino da centenária Macaca.