‘Não estou sabendo de reunião nenhuma. Falei ontem com o Kia e o Angioni, e por isso vim aqui hoje. Para continuar o meu trabalho’. Foi com essa frase que o técnico Daniel Passarella iniciou sua entrevista coletiva após as atividades desta sexta-feira no Parque São Jorge, para muitos a última do argentino como comandante da equipe no Brasileirão.
O treinador afirmou, repetidamente, desconhecer a existência de uma nova reunião na tarde desta sexta envolvendo a alta cúpula corintiana, e admitiu que ficará surpreso caso MSI e Corinthians decidam por sua demissão do cargo. ‘Me surpreenderia que depois de planejar o futuro e acertar minha continuidade aqui eu fosse demitido. Para mim será uma surpresa’, reiterou.
Com vínculo no clube até o próximo dia 31 de dezembro, ‘El Capitán’ descartou claramente a possibilidade de pedir demissão antes do término de seu contrato, mas deixou claro que o Corinthians tem a liberdade de fazer o que quiser caso não esteja satisfeito com seu trabalho. ‘Creio que não fiz nada para molestar os dirigentes do Corinthians, mas tanto eles quanto a MSI têm todo o direito de fazer o que acharem melhor para o clube. Eu tenho contrato até 31 de dezembro e pretendo cumprí-lo. Quando assino um compromisso, assumo a responsabilidade do que firmo’, repetiu.
Passarella evitou comentar as afirmações sobre a multa contratual que estaria impedindo sua demissão do clube, e que pelos comentários poderia chegar a R$ 3,5 milhões. ‘Não percebi nunca dos dirigentes do Corinthians a intenção de me demitir. Além disso, não é do meu interesse falar do meu contrato publicamente e acho que isso não tem sentido’, bronqueou, perdendo o bom humor que o caracterizou desde que chegou ao Parque São Jorge. ‘Até duas semanas atrás os dirigentes vinham me abraçar após os jogos. Não acredito que tudo tenha mudado por causa de duas derrotas’, completou.
O treinador comentou também como está seu relacionamento com o elenco, que reuniu-se após a derrota para o Figueirense sem a presença dele. ‘Esta situação não é verdadeira. Fui convidado para a reunião e não quis assistir’, rebateu. ‘Não sinto problema nenhum com o grupo e acredito na possibilidade de o time voltar a ser competitivo em breve, como era há poucos jogos’, completou.
Bem articulado e pensando sempre antes de cada resposta, ‘El Capitán’ só mostrou descontentamento ao ser informado das declarações de Andrés Sanchez, vice de Futebol, via imprensa, de que não teria aprovado algumas de suas atitudes, entre elas o afastamento de Fábio Costa. ‘O Sanchez não me falou nada disso pessoalmente, e eu não tenho o costume de falar pela imprensa. Quando tenho que falar, falo diretamente para a pessoa’, cutucou o (ainda) técnico corintiano.
Sobre a dispensa de Fábio Costa, explicou: ‘A decisão sobre o Fábio Costa já estava tomada. O momento do afastamento dele é que fui eu quem decidi. O Corinthians está procurando um novo goleiro e eu conversei com o Fábio Costa para explicar a situação, pois não poderia mais continuar da maneira que estava’, finalizou.
A impressão passada nas palavras do argentino é a de que ele só sai se o Corinthians quiser. Conselheiros garantem que o dia ‘D’ para a saída de Passarella é segunda-feira, e que pouco importa a vontade de Kia Joorabchian e Paulo Angioni, favoráveis à permanência do argentino. Ano que vem haverá eleição no clube e Alberto Dualib, novamente candidato, não seria imprudente de enfrentar o conselho. Outro indício da possível queda de Passarella é que nenhum dirigente corintiano compareceu para prestar apoio ao treinador nesta sexta-feira.