Os quase 34 mil torcedores que pagaram ingresso para entrar no Pacaembu nesta quinta-feira não viram um espetáculo, mas saíram do estádio com largos sorrisos. Mesmo desorganizado e com um a menos durante mais de meia hora, o Palmeiras venceu o Libertad por 1 a 0 e, diante do seu maior público no ano, garantiu com uma rodada de antecipação a vaga nas oitavas de final da Libertadores.
Em meio a improvisações e muitos volantes, não faltou vontade ao Verdão. E foi assim que as redes foram balançadas, aos sete minutos do segundo tempo, quando Wesley chutou de fora da área e a bola sobrou para Charles, então posicionado como centroavante, bater na saída do goleiro e fazer o Pacaembu explodir de alegria.
Nove minutos depois, Wesley, que passou todo o primeiro tempo em discussões desnecessárias com adversário e levou amarelo, foi expulso por cometer falta dura. Mas o ambiente no estádio era tão favorável que o volante saiu aplaudido. E o time soube se segurar para garantir os três pontos.
O Palmeiras chega a nove pontos e, às 19h45 (de Brasília) da próxima quinta-feira, enfrenta o eliminado Sporting Cristal, no Peru, com a chance de terminar a fase de grupos na liderança de sua chave. Abaixo dele estão o Libertad, com oito pontos, e o Tigre, com seis, sendo que ambos se enfrentam também às 19h45 de quinta-feira no Paraguai.
Antes do compromisso pela Libertadores, o Verdão, também já classificado antecipadamente no Campeonato Paulista, entra em campo no domingo pelo Estadual, às 16 horas, para duelar contra o Guarani, novamente no Pacaembu.
O jogo – Na base da vontade, principal virtude do Palmeiras vencer e convencer diante do Tigre na semana passada, Gilson Kleina espalhou volantes e improvisações em campo, mantendo Caio, que passou a semana tratando de edema na coxa esquerda, no banco e apostando em um time sem referência na frente. Tudo como o Libertad queria.
O técnico ficou tão focado no lado direito ofensivo que, como previsto, foi surpreendido com a escalação de Mendieta pela esquerda e o time paraguaio posicionado como em um 4-3-3, ciente da postura de três zagueiros do Verdão sem bola. E logo aos três minutos ficou claro que mesmo o lado direito não estava bem bloqueado, já que Moreira passou com facilidade pela marcação para cruzar com perigo.
O Palmeiras parecia um visitante, tanto que só atacava em contra-ataques. Os jogadores pareciam não entender seu posicionamento. Juninho, por exemplo, nem saía da lateral, jogando como um ala mesmo sendo escalado como meia. E Souza, Wesley e até Charles se revezam como centroavantes enquanto Vinicius mal conseguia aparecer diante da marcação. Atrás, cabia a Márcio Araújo correr para preencher tanto espaços.
O Libertad, contudo, diminuiu o ritmo após 15 minutos e passou a deixar a bola nos pés do Palmeiras. O que faltava aos mandantes era ter a quem passá-la. O comandado de Gilson Kleina que fazia um desarma, levantava a cabeça e via no máximo dois companheiros no campo de ataque entre seis adversários, sendo que um do que estavam na frente era Vinicius, impedido de se deslocar com até três marcadores.
O Verdão só levantava sua torcida na bola parada, mas não justificou a expectativa. Ayrton e, principalmente, Souza bateram mal todas as faltas e escanteios que puderam cobrar. E o time ainda se irritava demais com a arbitragem, que realmente não tinha critério na marcação de faltas, mas não justificava, por exemplo, as intensas discussões de Wesley com os adversários – o volante levou amarelo antes do intervalo por isso.
A desorganização era tão grande que, após uma cobrança de falta, Henrique escolheu ficar no ataque, segurando Souza na defesa. Um símbolo da vontade da equipe em se tornar vencedora, e ao mesmo tempo evidenciou a falta de um esquema definido para a busca dos três pontos.
Na volta do intervalo, o que mudou foi a imposição do Palmeiras como um time grande, de história e apoiado por mais de 33 mil pagantes nesta noite. E o Libertad, enfim, se assustou. Logo aos 42 segundos, Vinicius cabeceou para fora após jogada de Ayrton, mesmo estando livre. Aos três minutos, foi a vez de Marcelo Oliveira fazer jogada individual, tabelar com Juninho e quase fazer um gol de letra.
Em meio à pressão que impôs, o Palmeiras contou com a mobilidade desorganizada, ironicamente, para abrir o placar. Aos sete minutos, Wesley chutou e a bola desviou na zaga, pingando para Charles, posicionado como um centroavante, bater na saída do goleiro para abrir o placar e, enfim, fazer a tensa e ansiosa torcida vibrar intensamente. O gol foi tão decisivo que Caio até adiou a entrada de Caio.
Mas o sofrimento não acabaria. O Libertad cresceu e, aos 16 minutos, ganhou mais espaço. Wesley deu um carrinho perigoso, levou amarelo e, como já tinha recebido cartão por discussão desnecessária no primeiro tempo, foi expulso. Apesar de ter prejudicado sua equipe, o volante deixou o campo aplaudido.
O clube paraguaio também gostou, já que passou a frequentar as proximidades da área palmeirense. E chegou perto do empate: Mauricio Ramos salvou em cima da linha, aos 18 minutos, e Fernando Prass fez milagre em defesa com os pés aos 32 minutos.
Diante do óbvio cansaço de seus esforçados jogadores, Gilson Kleina mexeu no time. Colocou Tiago Real para prender a bola na frente, apostou em Caio para ser referência e reforçou a marcação com Wendel. Assim, o Palmeiras garantiu os três pontos que o colocam com antecipação na próxima fase da Libertadores.