O palmeirense se despediu do Palestra Itália em 9 de julho de 2010 perdendo amistoso para o Boca Juniors por 2 a 0. Até este 19 de novembro de 2014, a construtora WTorre cumpriu sua parte ao entregar um estádio bonito e moderno. Faltou à diretoria fazer a sua parte. Sofrendo com a falta de qualidade que o acompanha em todos os lugares nesta temporada do centenário, o Palmeiras perdeu do Sport por 2 a 0.
Coube a um dos muitos jogadores contratados pela gestão do presidente Paulo Nobre e que não deram certo balançar as redes na noite que deveria ser de festa alviverde. Ananias, que pouco fez em sete meses no Verdão no ano passado, precisou de dois minutos em campo para, aos 32 do segundo tempo, aproveitar uma das costumeiras falhas da defesa de Dorival Júnior, abrir o placar. Aos 44, o lateral direito Patric fez o primeiro golaço na reabertura do estádio, encerrando a triste noite para os anfitriões.
No resto do primeiro jogo oficial no estádio em quatro anos, ocorreu o que o palmeirense que tinha saudades do Palestra já cansou de ver: incapacidade técnica. Felipe Menezes personificou este problema ao cabecear para fora quando tinha o gol vazio à frente, aos 22 minutos do primeiro tempo.
A esperança palmeirense é que o meia não jogue e Valdivia, vetado por mais uma de suas contusões musculares, enfrente o Coritiba às 19h30 (de Brasília) de domingo, no Paraná. O Palmeiras está a três pontos da zona de rebaixamento, a três rodadas do fim do Brasileiro, e encara um rival direto nessa briga para não cair. O Sport, com 47 pontos e nenhuma chance de descenso, cumpre tabela às 17 horas de domingo, recebendo o Fluminense.
O jogo –Para reinaugurar o Palestra Itália, Dorival Júnior resolveu não mexer no time que decepcionou ao perder do São Paulo no domingo. A estrutura tática era a mesma, mas com imposição ofensiva maior, liberando os laterais e segurando Marcelo Oliveira na marcação. Não foi surpresa a maior vontade ser insuficiente para trazer criatividade.
O Verdão entrou com garra, brigando pela bola já na saída, dada pelo Sport. Mas os pernambucanos sabiam lidar com o nervosismo e a falta de qualidade do adversário. Rapidamente, apostaram nas descidas do lateral direito Patric nas costas de Juninho, forçando por ali para chegar a acuar os anfitriões.
Os comandados de Dorival, então, usaram uma de suas poucas virtudes: a vontade. O centroavante Henrique chegou a voltar ao meio-campo e arriscar lançamentos, tentando fazer o que o responsável pela função não conseguia. Felipe Menezes e Wesley, que deveria ajudá-lo, despertaram xingamentos de uma torcida que veio animada por tanto arriscarem e errarem, praticamente na mesma proporção.
Posicionado para contra-atacar e bem à vontade mesmo vaiado, Diego Souza, aos 21, assustou os palmeirenses ao bater firme no ângulo direito de Fernando Prass, que se aproveitou do seu bom posicionamento para defender sem perigo. Alguns xingaram o meia do Sport logo após o lance, mas certamente sentiram alguma saudade ao ver que, hoje, contam com Felipe Menezes.
Aos 22, na única jogada trabalhada que conseguiu executar, o Verdão teve Diogo amortecendo lançamento na grande área e clareando para Juninho cruzar na cabeça de Felipe Menezes, que estava na cara do gol. O substituto de Valdivia, mais uma vez machucado, mostrou a costumeira incapacidade técnica, desperdiçando quase debaixo das traves.
Com o lance, o nervosismo aumentou não só nas arquibancadas que recebiam torcedores pela primeira vez, mas também no time que tinha a missão de representar o Palmeiras em data tão importante. Quem mais se sentia à vontade era Diego Souza, que aplicou chapéu, colocou a bola entre as pernas de Felipe Menezes e chutou outra em direção à torcida.
Para a sorte dos anfitriões, os pernambucanos não tinham nada além das jogadas individuais de Diego Souza e da correria de Patric para estragar a festa. Cabia ao próprio Verdão não estragar sua própria festa. Bastava transformar o goleiro Magrão em mais do que um espectador privilegiado entre os quase 40 mil presentes.
Dorival Júnior, contudo, é teimoso. Insistiu na mesma estratégia que dá errado desde domingo e não mexeu no intervalo. Diferente de Eduardo Baptista, que trocou Mike por Felipe Azevedo e, no primeiro lance do segundo tempo, viu Danilo limpar a defesa palmeirense até chutar em cima de Marcelo Oliveira.
A paciência de Dorival, que parecia interminável, enfim terminou aos 12 minutos do segundo tempo. Sem conseguir acertar quase nada, Felipe Menezes foi vaiado por praticamente todos os presentes no Palestra Itália ao ser substituído. Allione entrou em seu lugar e isso foi suficiente para, de imediato, uma movimentação maior na frente, principalmente explorando João Pedro, esquecido por Felipe Menezes, pela direita.
O argentino, contudo, não foi suficiente. Felipe Menezes pode ser o pior, mas está longe de ser o único sem condições de vestir a camisa do campeão do século XXI. Foi fácil para o Sport acuar os donos da casa, com Diego Souza fazendo o que queria, explorando, principalmente, a juventude do zagueiro Nathan.
Aos 21 minutos, o time pernambucano não marcou o primeiro gol na reabertura do Palestra Itália, possivelmente, porque tantos defensores e goleiros que honraram o Verdão ainda tiveram força para ajudar. Debaixo do gol vazio, Danilo conseguiu finalizar para fora, mesmo sozinho.
Aos 28, Dorival lançou o time à frente trocando o lateral Juninho pelo atacante Mouche. Mais uma vez, apenas alguns minutos de maior movimentação ofensiva. O Sport era o dono do jogo. Cansados, os jogadores do Palmeiras se aglomeravam na grande área para espantar a pressão dos visitantes.
Até que o próprio Sport mostrou ter elenco mais útil. Aos 30, Ananias entrou no lugar de Joéliton. O meia-atacante não fez praticamente nada em sete meses no Palmeiras no ano passado. Mas precisou só de dois minutos dentro de campo com a camisa rubro-negra para aproveitar cruzamento na grande área e inaugurar as redes fechadas para jogos oficiais desde julho de 2010.
Os minutos finais serviram apenas para os revoltados torcedores direcionarem sua raiva para Wesley, trocado por Mazinho aos 36. O meia-atacante e nenhum outro dos que representavam o Palmeiras em campo puderam fazer mais do que enervar quem foi ao estádio preparado para festa. Patric, então, fechou a triste noite limpando quem estivesse pela frente antes de acertar belo chute, com um golaço aos 44. Se tem uma arena moderna, ainda falta um time ao centenário Verdão.