Donos de bons elencos e contando com a má fase do Santos e a queda do Corinthians para a Série B, Palmeiras e São Paulo monopolizaram as atenções no estado em 2008. Os quatro confrontos anteriores – com duas vitórias para cada lado – foram cercados de polêmicas e intensa rivalidade. Agora, por mais que as diretorias tenham evitado troca de farpas, o clima é de tensão para o tira-teima do ano marcado para este domingo, às 16 horas (de Brasília), no Parque Antártica.
O vencedor do jogo continuará firme na luta pelo título nacional (o Palmeiras pode até
reconquistar a liderança com um tropeço do Grêmio). Na teoria, a vantagem em campo pertence ao Verdão, que vai jogar em casa, onde tem 12 vitórias, um empate e uma derrota no Campeonato Brasileiro.
“O Palmeiras tem de 60% a 70% de chances de vencer. Temos que acreditar no nosso time. Nosso grupo está forte e permanece focado”, afirmou o lateral-esquerdo Leandro, dando início às pitadas de pimenta na semana do clássico. Depois de ter suas palavras confirmadas também por Diego Souza, o ala ainda recebeu o apoio do técnico Wanderley Luxemburgo, que abandonou o discurso politicamente correto para cravar o favoritismo de sua equipe.
“Fiquei surpreso com todos os questionamentos sobre esse assunto, os jogadores falaram somente uma realidade, já que temos quase 90% de aproveitamento no Palestra Itália nesta temporada. Somos favoritos em função disso”, afirmou o treinador palmeirense.
Os jogadores do São Paulo fugiram de polêmica durante toda a semana e, assim, coube ao técnico Muricy Ramalho e ao presidente Juvenal Juvêncio darem a resposta de forma irônica.
“Está bom, sobrando 30% (de chances) para nós está ótimo”, ironizou o treinador, que, na seqüência, chamou a responsabilidade para o Tricolor. “Estamos há muitos anos no futebol. No sábado passado, teve o exemplo do Flamengo, que era 100% e tomou de três no Maracanã (para o Atlético-MG). Já vi cair tanta porcentagem… Mas, para mim, meu time é o 100% e o favorito”.
Favoritismo à parte, o reencontro no Parque Antártica é cercado de muita expectativa, tanto que os ingressos foram esgotados na terça-feira, primeiro dia de vendas. Na última vez que visitou o rival, o São Paulo reclamou de um gás tóxico em seu vestiário. Desta vez, o Tricolor foi alvo de uma ‘brincadeira’ de torcedores alviverdes: recebeu flores durante a semana.
A ação irritou a cúpula tricolor, que não gostou do teor da mensagem do bilhete que acompanhava o presente. “Recebemos com carinho flores, mas o cartão foi um pouco impróprio e vai contra tudo que esperamos no clássico”, argumentou o superintendente Marco Aurélio Cunha, que viu revanchismo no recado ‘domingo tem mais’.
Para completar a disputa de nervos, os dois treinadores resolveram fazer mistério nas escalações. Luxemburgo, que levou o elenco alviverde para um refúgio em Atibaia, realizou treino secreto na quinta-feira e não dá pistas sobre a equipe que colocará em campo. Porém, a tendência é que o treinador escolha Léo Lima, um dos destaques da semifinal do Paulista diante do próprio São Paulo, para atuar no meio-campo. O resto do time deve ser o mesmo que empatou diante do Figueirense, em Florianópolis.
“Sabemos que a preparação dos dois times foi parecida, trata-se de um clássico, então tudo pode acontecer. Às vezes, você espera um grande jogo e não acontece nada. Em outras, você acha que o jogo será ruim e fica surpreso”, comentou Luxemburgo.
Já no São Paulo, a dúvida fica por conta de Dagoberto, que se recuperou de contusão na coxa direita. Como o atleta passou a maior parte da semana no Reffis, Muricy tem dúvida se o jogador está pronto para atuar em um jogo decisivo.
Se o atacante não puder atuar, o treinador deixará apenas Borges no ataque do São Paulo e escalará Jancarlos na direita. Com esta formação, o meio-campo ficaria mais consistente, já que contaria com a ajuda de Zé Luis.
Diante de tantos artifícios para buscar o triunfo, Palmeiras e São Paulo também terão de ficar de olho em outro jogo na capital paulista, entre a Portuguesa e o líder Grêmio, que tem 56 pontos. O Verdão é o segundo colocado, com 54, enquanto o Tricolor aparece em quarto, com 52.