O Palmeiras anunciou a saída de Marcelo Oliveira e sua comissão no começo da madrugada desta quinta-feira. Minutos antes, o auxiliar Tico dos Santos, responsável por comandar a equipe na derrota diante do Nacional, concedeu entrevista normalmente no Palestra Itália.
A praxe depois dos jogos da Copa Libertadores é a presença do treinador e de um jogador na entrevista coletiva. Após o revés diante dos uruguaios, como exige a Conmebol, Tico dos Santos compareceu à conferência (sozinho). Marcelo Oliveira foi ao estádio, mas não teve acesso ao vestiário e tampouco ao camarote da comissão técnica, já que estava suspenso.
Tico dos Santos, desacostumado a encarar a imprensa, procurou explicar a derrota por 2 a 1 contra o Nacional, apesar da superioridade numérica do Palmeiras durante todo o segundo tempo. O auxiliar justificou as entradas de Allione, Alecsandro e Egídio, lamentou os gols sofridos em curto intervalo de tempo e reclamou da arbitragem do chileno Enrique Osses.
O assistente garantiu que o chefe vinha trabalhando para solucionar as deficiências apresentadas pela equipe e não se sentiu confortável para responder uma indagação sobre o posicionamento do time em campo. “Sou auxiliar e estou apenas compondo aqui hoje. Essa pergunta deve ser feita ao Marcelo”, afirmou.
Pouco depois da conferência, na qual Tico dos Santos se disse preocupado e triste pela derrota contra o Nacional, o Palmeiras comunicou a decisão de demitir Marcelo Oliveira e sua comissão. Alexandre Mattos, diretor de futebol do clube, realizou o anúncio dois andares abaixo da sala de entrevistas coletivas, na área de zona mista.
Tico dos Santos, responsável por dirigir a equipe do banco de reservas contra o Nacional, também acabou dispensado. Marcelo Oliveira e sua comissão, campeões da Copa do Brasil 2015, deixam o Palmeiras com 24 vitórias, 11 empates e 18 derrotas (52,2% de aproveitamento) desde junho de 2015.
Além de Marcelo Oliveira e Tico dos Santos, saem o também auxiliar Ageu e o preparador físico Juvenilson de Souza. Alberto Valentim, membro fixo da comissão técnica, comanda o time interinamente contra o São Paulo, neste domingo, no Pacaembu, pelo Campeonato Paulista.
Marcelo Oliveira sequer esteve em campo naquela que foi sua despedida. Suspenso do jogo contra o Nacional-URU, o treinador assistiu das tribunas à derrota alviverde e, ainda nas dependências do estádio, foi comunicado de sua demissão. Nesta quinta, redigiu uma carta de despedida agradecendo ao clube pelos serviços e admitiu que teve um sonho interrompido.
Único técnico campeão pelo Palmeiras, à exceção de Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari, desde 1976, Marcelo Oliveira não conseguiu repetir no Verdão o aproveitamento que teve à frente do Cruzeiro, quando conquistou o bicampeonato brasileiro entre 2014 e 2015. A pressão por resultados durante a montagem do elenco foi determinante para o rompimento.
“Sem dúvida, saio com uma satisfação enorme por ter feito parte de um momento especial na história do Palmeiras. Todavia, deixo o clube com um sonho interrompido […] Prezo sempre por cumprir meu contrato até o fim. Além disso, ser campeão da Libertadores é um desejo meu e compartilhava desse sentimento com cada palmeirense que conversei”, escreveu.
O agora ex-treinador assumiu que torce pelo Alviverde na competição continental, seja quem for o sucessor no cargo. “Ficarei na torcida para que vocês possam celebrar a conquista da América, ainda este ano, com um novo comandante”, declarou, parabenizando a torcida por sempre apoiar o time independentemente do momento.
Longe de ter sido unanimidade em algum momento nos oito últimos meses, Marcelo Oliveira sabe que deixou a desejar ao ter seu trabalho no Palmeiras comparado com aquele alcançado em Minas Gerais. No entanto, orgulha-se por ter levantado uma taça no último ano ao superar as críticas e a desconfiança geral.
Sem hipocrisia, como falou no inicio do comunicado, o treinador atribuiu o momento de glória à frente do clube à união entre torcida, comissão técnica, diretoria e jogadores. “A Copa do Brasil me traz um alento muito grande, pois, como disse em algumas ocasiões, no futebol não se conquista nada em sorteio de loteria”, falou.
A gestão de Marcelo Oliveira no Palmeiras, iniciada em junho do ano passado, termina com 24 vitórias, 11 empates e 18 derrotas, incluindo a partida disputada na noite desta quarta-feira. Assim, o treinador deixa o clube com um aproveitamento de apenas 52,2%.
Saem com Marcelo Oliveira também os auxiliares Tico dos Santos e Ageu e o preparador físico Juvenilson de Souza. Alberto Valentim, membro fixo da comissão técnica, comanda o time interinamente contra o São Paulo, neste domingo, no Pacaembu, pelo Campeonato Paulista.
Confira a carta escrita por Marcelo Oliveira após a demissão, na íntegra:
Geralmente, quando um treinador deixa um clube, publicar uma nota de despedida é quase um padrão, mesmo que não esteja sendo sincero naquele momento. Porém, quero aqui enfatizar que as palavras que direi agora são sem hipocrisia alguma.
Realmente, gostaria de deixar meu muito obrigado a toda a diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras, desde o Paulo Nobre e o Alexandre Mattos até os demais integrantes da direção. Eles estiveram ao lado da comissão técnica do início ao fim da minha passagem, tanto nos bons quanto nos maus momentos, mesmo que isso muitas vezes não tenha sido percebido pelos olhos da imprensa. Na verdade, esse fato demonstra que nem tudo de bom que acontece em um trabalho chega aos holofotes, tampouco tem a necessidade de ser exposto.
Quero expressar também minha gratidão aos funcionários do clube, pessoas competentes e dedicadas, que sempre tiveram atenção, carinho e respeito conosco, na fase de críticas ou na de glórias; ao grupo de jogadores, que sempre se doou ao máximo, independentemente de certos rumores externos que ocorreram, sobretudo preservando o bom ambiente ao longo desses mais de oito meses.
De fato, foram muitas as dificuldades enfrentadas, mas conquistamos um título de expressão para o clube quando ninguém acreditava que seria possível. Conseguimos porque a consciência de que tínhamos uma responsabilidade compartilhada em cada partida falou mais alto, e a individualidade foi deixada de lado em benefício do mérito coletivo nos triunfos, sempre com o pensamento de que todos devem reagir depois dos tropeços.Já havia alguns anos que um título não era conquistado pelo Palmeiras, e a pressão por campanhas vitoriosas era nítida, assim como acontece em qualquer outra agremiação da grandeza deste clube.
Justamente por isso, a Copa do Brasil me traz um alento muito grande, pois, como disse em algumas ocasiões, no futebol não se conquista nada em sorteio de loteria, então, uma parte dos nossos objetivos foi alcançada. Além disso, não teríamos tido êxito algum, especialmente no caso de um torneio mata-mata, caso o plantel não tivesse unido forças com a comissão técnica, com a diretoria e com a torcida em prol do mesmo objetivo.
Por isso, sem dúvida, saio com uma enorme satisfação por ter feito parte de um momento especial da história do Palmeiras. Todavia, deixo o clube com o sonho interrompido. Assim como era meu pensamento em outros trabalhos, prezo sempre por cumprir o contrato até o fim.
Além disso, ser campeão da Libertadores é também um desejo meu e compartilhava desse sentimento com cada palmeirense que conversei. Quero deixar um recado muito honesto a essa torcida fanática e gigante: ficarei na torcida para que vocês possam celebrar a conquista da América, ainda este ano, com o novo comandante.
Na maioria maciça dos nossos jogos no Allianz Parque, o apoio vindo das arquibancadas foi notório e incondicional, mesmo em momentos complicados do jogo. Esse incentivo nos fez ter vitórias épicas dentro de casa nos últimos meses. Dessa forma, sei que a equipe jamais caminhará sozinha e se manterá viva com possibilidades de seguir adiante e realizar o sonho de uma nova Libertadores.
Meus mais sinceros agradecimentos,
Marcelo Oliveira