Que venha o Barcelona! Que venha o América mexicano! Mesmo não jogando um futebol primoroso e passando por um enorme sufoco na etapa final, o Internacional superou a ansiedade característica de estréias importantes, aliou sorte à competência e bateu o Al-Alhy por 2 a 1 nesta quarta-feira, em Tóquio, garantindo o direito de disputar a final do Mundial de Clubes da Fifa.
A vitória gaúcha foi marcada por duas estrelas: a de Alexandre Pato, revelação colorada, e a do técnico Abel Braga. O treinador saiu de uma verdadeira sinuca de bico ao ter de substituir o jovem atacante, contundido, mas viu Luis Adriano, suplente de Pato, dar a classificação ao Inter.
A revelação gaúcha, blindada pelo clube na véspera da partida, mostrou que não é preciso falar para jogar futebol. Com a calma de um veterano, Pato, de apenas 17 anos, foi o melhor jogador do Inter enquanto esteve em campo e mostrou oportunismo ao abrir caminho para a vitória depois de um vacilo da zaga egípcia.
No inicio do jogo, o Inter tentou comandar as ações, mas esbarrou no excesso de nervosismo de seus atletas. O time só começou a se acalmar quando balançou as redes pela primeira vez, aos nove minutos, mas teve seu gol anulado por impedimento de Alexandre Pato no início da jogada.
Alexandre Pato, o mais novo da equipe, ironicamente foi o atleta que menos sentiu a tensão da estréia no Mundial. Foi a revelação colorada que, aos 23 minutos, aproveitou um bate-rebate na entrada da área egípcia e bateu forte, seco, no canto de El Hadary, colocando os gaúchos em vantagem no placar do estádio Nacional de Tóquio.
Ao contrário do esperado, no entanto, o gol não serviu para dar uma tranqüilidade maior ao time brasileiro. Cedendo espaços em demasia, o Inter levou dois enormes sustos antes da descida para o intervalo e só terminou o primeiro tempo em vantagem graças ao goleiro Clemer.
Aos 36, o camisa um pulou como um gato e colocou para escanteio uma cobrança forte de falta de Emad El Nahas, que tinha como endereço certo o ângulo direito de Clemer.
Dois minutos depois, o competente Clemer contou com a sorte e afastou, no susto, uma bola chutada por Aboutrika que acabara de estourar em seu poste direito, com violência.
Antes da descida para os vestiários, o Inter teve a chance de matar o jogo. Fernandão fez boa jogada e tocou para Iarley, que se livrou de dois marcadores e tocou para Alexandre Pato. O garoto invadiu a área, mas bateu fraco, à direita do gol egípcio.
No segundo tempo, o Al-Ahly voltou mudado e mais ofensivo. O Inter, por sua vez, parecia desligado. Alexandre Pato, que recebeu como principal orientação de Abel Braga “brincar” em campo, obedeceu e fez três embaixadinhas com o ombro antes de tentar o cruzamento ineficaz para a área.
A brincadeira de Pato custou caro. Logo no lance seguinte, a zaga do Inter bobeou e não prestou atenção a uma cobrança rápida de lateral dos egípcios. O Al-Ahly se aproveitou e, depois de cruzamento para a área, Flávio ganhou de Fabiano Eller na cabeça e deixou tudo igual.
O gol egípcio abalou as estruturas gaúchas. Todo o nervosismo inicial voltou à tona e a equipe demorou para se reencontrar. Alexandre Pato, o melhor em campo, sentiu dores no tornozelo e complicou ainda mais a situação colorada, deixando o gramado para a entrada de Luis Adriano.
Quando o torcedor gaúcho já começava a roer as unhas, a estrela de Abel Braga brilhou. Aos 28 minutos, depois de escanteio batido pela direita, o treinador pulou como criança ao ver Luis Adriano, substituto de Alexandre Pato, surgir em velocidade e, de cabeça, desviar a bola para o fundo das redes do time egípcio.
Em vantagem novamente, o Inter colocou os nervos no lugar e fez o que manda o “manual” para garantir a vaga na final. Tocou a bola com calma, resistiu à pressão egípcia, o nervosismo dos exagerados cinco minutos de acréscimo e comemorou o resultado.
Agora, o time gaúcho espera a definição sobre o adversário da final, que sairá nesta quinta-feira. Que venha o Barcelona! Que venha o América mexicano!