O desenho da noite estava quase perfeito, poucos retoques precisavam ser feitos. Nos 10 minutos finais, o mundo do Grêmio caiu no Alfredo Jaconi como se um bom quadro fosse rabiscado por uma criança. Com um homem a menos, o Juventude empatou para depois virar e vencer o Tricolor por 3 a 2, em jogo recuperado da primeira rodada da Taça Farroupilha, o segundo turno do Campeonato Gaúcho.
O capítulo final é mais trágico do que parece. O segundo gol do Alviverde foi marcado por Gilson contra. Faltando somente uma volta no relógio para se esgotar o tempo regulamentar, Ramiro soltou uma bomba certeira nas redes de Victor.
No primeiro tempo, marcado por muitas faltas e pouco futebol, o Grêmio tinha anotado com Borges. No começo da segunda etapa, Julio Madureira empatou. Em seguida, Leandro, o guri revelação do Olímpico, dominou um chutão de Fernando com muita classe, fintou o goleiro e fez o segundo gremista.
Depois, Rafael, do Juventude foi expulso. Mesmo assim, os donos da casa não desistiram e conseguiram a virada, explorando o principal defeito do time de Renato Gaúcho, a bola aérea defensiva.
A derrota impede o Grêmio de assumir a liderança do Grupo 2, se mantendo na terceira colocação, e de se distanciar do Inter na liderança geral do torneio. O Juventude, agora, ocupa o quarto lugar da chave.
No fim de semana, o Grêmio enfrenta o Veranópolis, no Olímpico. O Juventude tentará se manter na zona de classificação diante do rebaixado Porto Alegre, em casa.
O jogo – Lances de perigo, bolas na trave e gol não são certezas de um espetáculo aprazível. Juventude e Grêmio deram uma demonstração de como é possível essa combinação. O Alviverde desperdiçou a chance de essa história ter linhas diferentes logo com 10 segundos de partida. Após a saída de jogo, Lúcio atravessou bola na frente da área, a zaga não avançou e Umberto teve espaço para chutar, acertando a trave.
Embora não tenham faltado finalizações, as faltas marcaram a primeira etapa. Foram 25 nos primeiros 45 minutos. No gramado isso se traduziu em um confronto truncado, tornando fortuitos os ataques realmente perigosos.
Apesar do susto, o Tricolor passou a se impor aos poucos, apequenando o Juventude em seu campo, mesmo que os caxienses, em cobrança de falta, tenham acertado o outro poste de Victor, desta vez em cabeçada de Cristiano, aos 23 minutos.
Após esse lance, os donos da casa estagnaram. Ficaram congelados sem conseguir ter vitórias pessoais ou trocar passes. Ficaram presos no seu próprio campo. Antes da segunda jogada perigosa do adversário, os gremistas tinham criado com Borges e Leandro, em sua primeira partida como titular. O ingresso do garoto no lado direito de ataque equilibrou o time, geralmente pendente para a esquerda. Abusado, o guri de 17 fez Gabriel ultrapassar a linha divisória do gramado com maior constância.
O primeiro gol, entretanto, saiu pelo lado canhoto. Após cruzamento de Lúcio, Borges, livre entre os zagueiros, colocou a testa na bola para marcar, aos 32 minutos.
O Juventude começou acertando no segundo tempo o que havia errado no primeiro. Não desperdiçou a oportunidade que apareceu. Logo com 1 minuto, Zulu acertou a trave em cabeçada, no rebote, com estilo, Júlio Madureira bateu com o lado do pé no canto do goleiro, empatando o embate.
O que não pode ser evitado é o brilho de Leandro. Ô garoto iluminado! Fernando lá de trás desferiu um chutão com cara de lançamento, a bola encontrou aconchego nos pés do jovem. Ele entrou na área, se livrou do goleiro e colocou outra vez o Grêmio na frente, marcando o seu quarto gol em cinco partidas como profissional, aos 9 minutos.
Instantes depois, Rafael, expulso, deixou o Alviverde com 10 jogadores em campo. O cartão vermelho parecia ser o sepultamento dos donos da casa. Nem sempre o que parece é. A desvantagem numérica não encolheu o Juventude. O empate, é verdade, saiu com colaboração gremista. Gilson desferiu um cabeceio forte e certeiro contra o próprio gol, aos 34 minutos. O lance terminou com sua participação no confronto, dando espaço para Vinícius Pacheco.
Empate na Região Metropolitana – Candidatos a uma das vagas na zona de classificação no Grupo 1, Novo Hamburgo e Caxias não saíram do 0 a 0. O resultado mantém os dois fora das quatro primeiras posições. O Anilado é o quinto lugar e o Caxias, vice campeão do primeiro turno, aparece logo atrás.
O Juventude, como poucas vezes fez contra o Tricolor, se agigantou. Aos 44 minutos, Ramiro desferiu um foguete rumo às redes de Victor virando o placar.