Organização, elencos fortes e técnicos competentes. Santos e São Paulo contam com características semelhantes e, por isso, estão sobrando no Campeonato Paulista diante dos pequenos. Mas neste domingo, o clássico na Vila Belmiro, a partir das 16 horas, pode mostrar quem está, no momento, mais preparado para levar o título. Por isso, o clima de decisão estará na Baixada Santista.
Em ambos os lados, a tática é clara: evitar a qualquer custo falar em final antecipada, apesar de o jogo valer a liderança da classificação (o Santos tem 31 pontos, contra 30 do São Paulo). Afinal, uma derrota não vai representar nada de importante para qualquer equipe, já que ambos estão praticamente classificados para a segunda fase do Paulistão.
“Devemos entender que domingo vale três pontos, como aconteceu contra Guaratinguetá. O importante é acumular gordura para distanciar do quinto colocado. É legal o glamour, mas não vale mais que três pontos. Não é decisão antecipada, pois Noroeste, São Caetano, Paulista estão bem e serão difíceis na fase final”, explicou o treinador do Tricolor, Muricy Ramalho.
Se no domingo passado o técnico Wanderley Luxemburgo reclamou da tabela do São Paulo no Paulistão, no meio de semana ele resolveu enaltecer o trabalho do arqui-rival. Para o comandante do Peixe, sua equipe pode liderar o Estadual, mas o grupo do Tricolor está na frente.
“São dois grandes elencos. Eles têm uma filosofia implantada há mais tempo, com um grupo seleto de jogadores. Nós tivemos um crescimento do ano passado para cá e a tendência é evoluir nesse sentido”, justificou o comandante do Santos, apontando o São Paulo como exemplo a ser seguido no futebol brasileiro – pelo Peixe, inclusive.
Recentemente, o Santos passou a apostar em uma fórmula de sucesso no Tricolor para se destacar no cenário nacional. O clube da Baixada contratou profissionais renomados para reforçar a comissão técnica, como o fisioterapeuta Filé, e investiu bastante em seu patrimônio, promovendo reformas substanciais no CT Rei Pelé. A mais recente delas foi a construção do Cepraf (Centro de Excelência de Prevenção e Recuperação de Atletas de Futebol), nos moldes do Reffis do São Paulo.
Dentro de campo, no entanto, Wanderley Luxemburgo acredita que o São Paulo ainda leva vantagem em relação ao Santos. “Eles, realmente, estão na frente, mas nós estamos tentando encostar. São espelhos que os outros clubes podem ter como referência”, classificou o treinador do Alvinegro.
Apesar das palavras do técnico adversário e da vitória na última partida na Vila Belmiro contra o Santos no ano passado, o São Paulo prefere não contar vantagem em relação ao rival. “É uma partida legal de se jogar. Você precisa de uma boa atuação para ganhar do Santos. Eles possuem o melhor técnico do Brasil, como já disse várias vezes”, comentou Muricy Ramalho, que teve o elogio retribuído por Luxemburgo.
Mas não se pode esquecer que, nos últimos anos, Santos e São Paulo travaram batalhas até nos bastidores. Na última, o Tricolor levou a melhor e anunciou a contratação do atacante Marcel. “Não fui para lá porque não tiveram capacidade de me contratar”, provocou o camisa 19 são-paulino.
No São Paulo, ainda persiste a invencibilidade de 27 partidas, a segunda da história do clube. A maior pertence ao time dos anos 70, que ficou 47 jogos sem perder. O curioso é que essa série foi quebrada justamente em um clássico contra o Santos.
Mesmo com o detalhe histórico, Luxemburgo e seus jogadores recorrem a um velho chavão ao analisarem suas chances no domingo: clássico não tem favorito. O conjunto do São Paulo e a força do Santos na Vila Belmiro são fatores importantes, mas não necessariamente decisivos. “O São Paulo tem um time forte e nós também. Vamos jogar na Vila, mas isso não quer dizer muita coisa em um clássico”, discursou o lateral-esquerdo Kléber.
Por outro lado, o invicto Tricolor minimiza a imagem de “invencível”. “O mais importante é conseguir esse título, independente se invicto ou não. As dificuldades são grandes. Uma hora você pode acabar tropeçando”, lembrou o volante Josué.
Já em relação à escalação, o Santos leva vantagem. O Peixe deve entrar com força máxima no clássico, pois poupou a maioria dos titulares diante do Rio Branco. Entretanto, em se tratando de um clássico, não é bom dar como certa a formação de Luxemburgo, que adora surpreender nessas ocasiões.
O São Paulo faz mistério, já que tem problemas com o zagueiro André Dias, que vem fazendo tratamento de uma contusão na coxa e seguirá como dúvida até o momento do duelo. Se o atleta não puder atuar, Edcarlos é o mais cotado para entrar, mantendo o esquema com três zagueiros. Caso Muricy prefira alterar para o 4-4-2, Fredson pode ter sua chance.
A ausência confirmada é a do meia Jorge Wagner, com uma entorse no tornozelo. Em contrapartida, o zagueiro Miranda, o lateral Jadilson, o volante Josué, o meia Hugo e o atacante Leandro estão de volta.