A 38 dias para o início da Copa do Mundo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que não vê demora na organização de festas comunitárias pelo país. Segundo o ministro, ainda está cedo para avaliar se a expectativa da população em torno do mundial, pois, para ele, “o clima da Copa” começa com a chegada das seleções ao Brasil. Tradicionalmente, moradores e comerciantes decoram as ruas para assistir aos jogos e torcer pela seleção brasileira.
“Nas outras Copas do Mundo, não via uma antecipação tão grande dessas manifestações populares a favor da Copa ou da seleção. Isso vem naturalmente, pode demorar um pouco mais, mas vem", disse Rebelo.
As declarações do ministro foram dadas no Simpósio Copa 2014 – Niterói Pensando o Futebol, a poucos quilômetros da Travessa Santa Clara, onde a torcida já está pronta. O responsável pela ornamentação da rua, Paulo Noel Viana, conta que essa é prática desde a copa de 1978. Desta vez, ele e os demais moradores contaram com apoio da empresa Google, que doou parte das tintas usadas para decorar o local.
“Eles nos deram até as bandeirinhas, mas nós não quisemos. Fizemos as nossas, como todos os anos. Minha esposa corta, a gente compra o rolo de plástico e nós penduramos”, contou, ressaltando que, na travessa, a decoração é uma oportunidade de os moradores se reunirem.
Já na capital fluminense, na Rua Jorge Rudge, em Vila Isabel, o que se vê são antigos enfeites e panfletos de protestos afixados nos muros pintados para Copas passadas. São frases contra as remoções de comunidades e contra a violência policial, por exemplo. No bairro, bem próximo ao Maracanã, estádio que receberá sete partidas do mundial, os moradores estão desmotivados.
“Todos os anos, em todas as Copas, (a rua) sempre foi enfeitada, sempre participou de concursos e ganhou vários de rua mais enfeitada”, relembra Simone Siciliano. “Desta vez, não sei se as pessoas estão desanimadas ou com medo da violência por causa dessas coisas, do pessoal que fica falando que não vai ter Copa. Acho que é isso”, justificou a comerciante.
Morador de Vila Isabel há mais de duas décadas, Jarbas Costa também disse que a sensação de violência atrapalha a preparação da torcida. “Como vamos fazer o pedágio (de carros e transeuntes) para pedir dinheiro? Vão achar que é assaltado, tacar bomba”, disse o morador da Jorge Rudge. Para Jorge, a saída de importantes empresas da rua também dificultou a arrecadação de recursos. “A essa época, nos outros anos, já estava tudo pronto”.