Foi o apelido na camiseta que levou Edivaldo Rojas para a Copa América. A alcunha de "Bolívia" no uniforme do time português do Naval chamou a atenção do técnico Gustavo Quinteros. O convite para o brasileiro defender o país vizinho veio em março. A naturalização, em 18 de maio. O gol mais importante da carreira veio na sexta-feira, em La Plata, na abertura do torneio, justo contra a favorita Argentina. E de calcanhar.
De fato, é tudo rápido demais. Na noite seguinte, após o jogo, não conseguiu pregar o olho. Como todo jogador brasileiro, Rojas sempre sonhou em marcar contra a Argentina. Mas isso atualmente parecia impossível à medida que não conseguiu se firmar em grandes times brasileiros. A árvore genealógica possibilitou o sonho.
Filho de uma boliviana, criado na fronteira do Brasil com o país de Evo Morales, Rojas fez apenas três partidas pela Bolívia. Aos 25 anos, já projeta vida longa com o uniforme verde, algo impensável tempos atrás.
Filiação
Natural de Cuiabá (MT), Edivaldo Rojas morou na fronteira Brasil-Bolívia. A mãe dele é boliviana.
No futebol
Meia-atacante, ele começou nas divisões de base do Atlético-PR, até subir para o profissional. Depois, passou por Figueirense, Caldense (MG) e Guaratinguetá (SP). Está desde 2008 no Naval 1º de Maio, time rebaixado para a Segunda Divisão do campeonato português.
– Desde garoto tenho o apelido de Bolívia. Quando coloquei escrito na camisa, despertei curiosidade entre os bolivianos – contou Rojas neste sábado, ainda em êxtase após o gol histórico.
A boa atuação dele foi surpresa até para a imprensa boliviana, que há dois meses sequer o conhecia.
– Ele nunca jogou em nosso país. Quando anunciaram a convocação, todo mundo ficou perguntando quem era – disse Rainer Duran, repórter da "TV Red Pat".
Sorridente, Rojas diz que já tem história para contar na seleção boliviana. Fez o primeiro gol da Copa América, num jogo em que os destaques eram Messi e Tevez.
Atacante da Bolívia, em entrevista exclusiva ao LANCENET!
Como foi a emoção de fazer um gol na Argentina em casa?
Foi muito bom, sensacional. Era a seleção da casa, muito forte. E tem toda a rivalidade entre Brasil e Argentina. Eu, como brasileiro, sempre soube viver essa realidade. Não deu para fazer um gol pelo Brasil, mas deu pela Bolívia.
Como foi após ao jogo? Você falou com o pessoal do Brasil?
Falei com minha família e com a família da minha mulher. Todo mundo estava vendo o jogo. Quase não dormi essa noite. A adrenalina estava grande.
Você pensava que um dia jogaria pela Bolívia?
Nunca fui atrás. Ainda bem que eles me procuraram. Quero retribuir esse carinho que estou recebendo da Bolívia.