Quem tem Leandro Damião pode não ter tudo, mas tem o mais importante do futebol. Leandro Damião é sinônimo de gols. E isso é o que importa. Um de seus tantos ajudou o Inter a ser campeão da Libertadores em 2010 e a disputar a Recopa Sul-americana, nesta quarta-feira. Mais dois de seus gols foram vitais para o bi do torneio na vitória por 3 a 1 sobre o Independiente, no Beira-Rio. O terceiro gol colorado, o do título, saiu somente aos 38 minutos do segundo tempo com Kleber, cobrando pênalti, revertendo a derrota por 2 a 1 fora de casa no jogo de ida.
Ser campeão com a camisa colorada tem atrelado a si muita angustia, muito nervosismo, e, no fim, tem comemoração. Foi assim nas Libertadores de 2006 e 2010. Não foi diferente na Copa Sul-americana e no Mundial, as principais das conquistas mais recentes do clube.
Leandro Damião fez tudo parecer fácil, não só pela naturalidade com que marca gols, mas por ter feito dois nos 25 minutos iniciais de jogo. O primeiro com direito a janelinha e chute de bico. Tudo estava encaminhado, mas os argentinos criaram forças para descontar com Maximiliano Velázques, no começo do segundo tempo.
Os corações batiam acelerados dentro da casa colorada, o tempo passava cada vez mais rápido e a prorrogação se aproximava, mas Andrezinho achou Jô na área. Livre, o atacante foi derrubado pelo goleiro Navarro. Na cobrança, a frieza de Kleber fez ecoar pelo Beira-Rio o grito de bicampeão.
Campeão de todos os títulos em disputa na atualidade, o Inter traçou como meta, ao completar 100 anos, voltar a erguer todas as taças novamente. Na Libertadores e na Recopa, os colorados já são bi.
O bi da Recopa – Contar com Leandro Damião é ter boa parte dos problemas resolvidos. Sua fase é mágica como será a noite de comemorações dos colorados. O centroavante possui um repertório inesgotável para marcar gols. A cada novo modo, o torcedor fica tão surpreso como se visse um truque de David Copperfield. Um jeito inédito de ir as redes foi visto aos 20 minutos. Posicionado ao lado da área, Damião emplacou uma janelinha, avançou e de bico levou o Beira-Rio ao delírio. Mais uma pintura para sua galeria.
Cinco minutos depois, o camisa 9 fez o estádio tremer novamente ao apresentar a todos mais uma obra, desta vez, menos bela, mas não menos importante. Após chutão do goleiro Muriel, Damião venceu pelo alto e de pé esquerdo ampliou. Com pouco mais da metade do primeiro tempo, o Inter tinha solucionado a parte mais complexa da equação da noite, transformando o que era negativo em positivo.
Para chegar ao resultado parcial que lhe dava o título, os brasileiros pressionaram muito. A marcação, com seis jogadores no campo do adversário, foi o passo inicial para construir a vantagem. Logo aos 4 minutos, em chute de primeira, D"Alessandro acertou o travessão. Em seguida, Oscar chutou para fora.
Errando defensivamente e encaixotado pelo adversário, o Independiente assustou somente no minuto final, quando Parra arrematou para defesa de Muriel.
Porém, o futebol e a matemática possuem lógicas próprias, muitas vezes incompreendidas. Não é possível, por exemplo, expressar de alguma maneira a persistência dos argentinos. Os hermanos não desistem até que não haja mais chances. Assim como é difícil explicar o encolhimento dos gaúchos no segundo tempo. Maximiliano Velázques fez a tensão crescer na noite de Porto Alegre. Com três minutos do segundo tempo, em trama pela direita, o defensor descontou, igualando a disputa.
Se tudo estava zerado, os times passaram a brigar para ter o sinal positivo ao seu lado. Os Reys de Copas, empolgados com o gol, estavam mais vivazes e próximos de obter a vantagem. Marco Pérez parou em Muriel, no rebote, Ivan Vélez carimbou a defesa. Após conseguir voltar a respirar, o Inter voltou a emparelhar o confronto.
Quando a angústia imperava, Jô foi derrubado pelo goleiro, aos 36 minutos. Na cobrança, Kleber foi frio, de canhota, ele deslocou o goleiro, resolveu a parte final do problema e deu mais uma taça para a galeria do Inter.