Foi da cabine 6 da Arena, entre goles de água mineral e rodadas de lanche servidas por garçons, que Vanderlei Luxemburgo, suspenso, viveu a dramática vitória do Grêmio por 2 a 1 contra o Independiente Santa Fe-COL, na noite desta quarta-feira. A nova expulsão de Cris por pouco não complicou a largada nas oitavas de final da Libertadores. No jogo de volta, dia 16, nos 2,6 mil metros de Bogotá, um empate garantirá a classificação às quartas.
Desta vez, o estádio não foi um teatro. Provocada por Luxemburgo, que reclamou da frieza da Arena, a torcida fez o que pode para mexer com o time. Fez barulho com o som dos tambores, liberados pela Brigada Militar, e batendo um no outro os bastões de plástico distribuídos pelo clube. A maioria optou por ficar de pé, aplaudindo os lances acertados do Grêmio e vaiando cada troca de passes que o Independiente ensaiava.
Pela primeira vez, a Arena teve o clima de Olímpico. A energia chegou ao campo. Sem preocupação com jogo bonito, o time marcou com firmeza e mostrou uma velocidade ausente em outras partidas.
De volta ao time, Elano assumiu a tarefa de criador, na ausência de Zé Roberto, suspenso. A 11 minutos, seu chute atingiu a trave esquerda, numa jogada originada em escanteio. Aos 13, Elano acertou o peito do goleiro Vargas em cobrança de falta. Aos 15, em nova bola parada, o meia chutou muito alto.
As chances, contudo, não surgiam no volume pretendido, apesar da pressão. Como o Independiente limitava os espaços à frente da área, a solução foi avançar pelos lados. Foi como surgiu o primeiro gol. A 27 minutos, acionado por Fernando, Alex Telles ergueu a bola para a área, do lado esquerdo, e Vargas, de cabeça, venceu o goleiro: 1 a 0.
Aliviado com o gol, o Grêmio desacelerou. Teve somente mais uma conclusão, de Fernando, que passou longe. Mas não foi incomodado. Time com limitações técnicas, o Independiente não causou o mínimo incômodo a Dida.
A correria colombiana no início do segundo tempo deixou a torcida inquieta a torcida, como quem prevê problemas. Cris, que já havia abusado das faltas no primeiro tempo, chegou atrasado na dividida com Cuero e, estabanado, cometeu pênalti. Expulso, como no jogo contra o Fluminense, deixou o campo sob vaia pesada. Na cobrança, Omar Pérez empatou.
A superação virou receita para compensar a falta de um jogador. Elano, cansado, deu lugar ao estreante Gabriel. Barcos, de cabeça, quase empatou. Luxemburgo aumentou a força ofensiva com Guilherme Biteco. Acertou. Foi depois de um cruzamento do garoto de 19 anos, mal rebatido pela defesa, que Fernando acertou o canto e fez 2 a 1.
Os minutos finais foram sofridos. Recuado, o time suportou a pressão colombiana. Até o goleiro Vargas foi para a área tentar o empate. De novo, a torcida fez sua parte, com vaias ao adversário. Até explodir em alegria com a vitória.