Se o jogo entre Náutico e Grêmio, neste domingo, tivesse uma trilha sonora seria "Aleluia", de Handel. No seu 12º jogo como visitante no Campeonato Brasileiro, o Tricolor conseguiu sua primeira vitória fora de casa. O resultado foi construído no primeiro tempo, quando Souza e Jonas foram às redes no triunfo por 2 a 0.
Da Batalha dos Aflitos, ocorrida em 2005, restou somente a mítica, que ainda trás bons fluídos ao Grêmio. Após três empates e oito derrotas como visitante, o clube gaúcho conquistou uma inédita vitória longe do Olímpico na competição. Os três pontos colocam o Tricolor na sexta colocação, com 36 pontos, a quatro do G-4. O Corinthians, que atua na quarta contra o Coritiba, ainda pode roubar essa posição.
Apesar da derrota em seus domínios, o Timbu segue fora da zona de rebaixamento, ocupando o 16º lugar, com 25 pontos, um a mais que o Santo André, o primeiro dentro da região de queda à Série B.
O time de Paulo Autuori tentará encostar na zona da Libertadores no próximo domingo, quando recebe o Fluminense, pela 25ª rodada do Brasileirão. O Náutico entra em campo no sábado contra o Atlético-MG, novamente em Recife.
O jogo – O Grêmio soube jogar a partida. Primeiro chamou o Náutico para o seu campo. Em um jogo feio, as finalizações saíam de longa distância, distante do alvo. O Tricolor aproveitou a primeira oportunidade que teve. O ato inicial do milagre iniciou com Tcheco, aos 17 minutos. O meia cruzou, Maxi López passou em branco, Souza, de peixinho, cutucou de cabeça, a bola ainda bateu na trave para morrer no fundo do gol.
Sem ter qualidade técnica, o Náutico perdeu o controle emocional, ficando desestabilizado nos Aflitos. Precisando da primeira vitória como visitante, os gaúchos tentaram aproveitar a brecha dada pelo adversário. Maxi, voltando de lesão, entrou pela esquerda e chutou na rede pelo lado de fora. Aos 24 minutos, o Timbu precisou queimar a primeira substituição, colocando Márcio Barros no lugar do lesionado Acosta.
Agora, sem o principal nome da equipe, o torcedor mostrou impaciência, passando a vaiar o time. Então, Jonas recebeu bola na área aos 26 minutos. O atacante aplicou um lençol no defensor que o marcava, o zagueiro que chegou na cobertura foi fintado, e o camisa 9 marcou o mais belo dos seus 12 gols neste Campeonato brasileiro.
Os pernambucanos parecem sofrer de algum transtorno emocional. Após sucumbirem no primeiro gol, os donos da casa se alertaram ao sofrerem o segundo. Em três minutos, criaram três oportunidades. Na primeira, Márcio Barros, em chute cruzado, viu Victor fazer firme defesa. Depois, foi a vez de Carlinhos Bala, em arremate da meia-lua sobre o gol. Finalizando a trinca de chances, Rudinei passou por dois gremistas, mas seu arremate parou nas pernas do goleiro tricolor.
Os minutos finais empolgaram aos anfitriões. Eles voltaram dispostos a busca o placar na etapa final. Na base da vontade, partiram para cima do Grêmio, que se defendia sem muitas dificuldades.
Aos 15 minutos, um fato histórico. Geninho colocou Kuki no lugar de Rudinei. Ao entrar em campo, atacante se tornou o jogador que mais vezes vestiu a camisa alvirrubra. Com a bola rolando, ele pouco fez para ser lembrado, neste domingo. Logo em seguida, o Grêmio teve Maxi López expulso ao segurar o adversário pela camisa e receber o segundo amarelo.
Paulo Autuori pedia para o seu time deixar de ficar encolhido em sua metade do gramado, mas em desvantagem numérica a tarefa se tornou complicada. Mesmo sem conseguir impor-se em campo, os visitantes neutralizaram bem os avanços do Náutico. Diante de um ataque inoperante, o time do Grêmio fez o que tinha que fazer, deixar o tempo passar. O primeiro chute no gol de Victor dado pelo Timbu saiu aos 46 minutos, quando Carlinhos Bala carimbou a trave esquerda.
O jejum fora de casa persistia desde 6 de maio, quando o Tricolor venceu o San Martín, pela Libertadores. Pelo Brasileiro, os últimos três pontos conquistados fora do Rio Grande do Sul haviam sido em 30 de novembro, quando bateu o Ipatinga, em Minas Gerais. Agora, o Grêmio comemora seus 106 anos na terça-feira, com a alegria de estar invicto há um ano no Olímpico e com o alívio de voltar a vencer fora de casa.