Depois de duas tentativas frustradas, o Fluminense conquistou finalmente o tão sonhado título da Copa do Brasil e carimbou seu passaporte para a disputa da Taça Libertadores em 2008. E não foi uma caminhada fácil. Para ganhar o troféu, o Fluminense foi dirigido por três treinadores e deu muitos sustos à torcida com o perigo iminente da desclassificação a cada fase do torneio.
Com a conquista, o Fluminense quebrou um jejum de 23 anos sem um título nacional, já que o Brasileiro de 1984 tinha sido sua última conquista de um título brasileiro. Além disso, a vitória na Copa do Brasil veio amenizar a frustração pelos péssimos resultados obtidos pelos tricolores desde o ano passado, incluindo os Campeonatos Estaduais de 2006 e 2007 e do Brasileiro e Copa do Brasil do ano passado, fracassos que fizeram muitos treinadores perderem a cabeça.
Mesmo com um investimento milionário, ajudado pelo patrocínio de uma empresa de planos de saúde, o time sequer foi à semifinal dos dois turnos das últimas duas edições do Estadual. Na Copa do Brasil de 2006, o sonho do título parou nas semifinais diante do Vasco, enquanto o Brasileiro se transformou em uma desesperada luta contra o rebaixamento até a penúltima rodada.
Com o gol de Roger e a suada vitória por 1 a 0 sobre o Figueirense nesta noite de quarta-feira, o Tricolor das Laranjeiras voltará a disputar a Libertadores após 23 anos. A última participação foi em 1985, quando o time decepcionou, deixou o torneio sem vitórias (foram três empates e três derrotas) e eliminado ainda na primeira fase no grupo que tinha ainda o Vasco e os argentinos Argentinos Juniors e Ferrocarril. Na primeira vez que disputou a Libertadores (em 1971), o Flu também sucumbiu na primeira fase.
O triunfo ainda é uma vitória pessoal para o técnico Renato Gaúcho. Vangloriado no clube por ser o autor do gol do título carioca em 1995, ele fora vice da Copa do Brasil em 2006 e havia visto a vaga na Libertadores escapar na última rodada do Brasileiro. De quebra, o treinador deixou o Vasco após o fiasco na Copa do Brasil e no Carioca deste ano, ajudada pela busca do milésimo gol de Romário, que só veio após a saída de Renato Gaúcho.
A conquista em Florianópolis tirou um gosto amargo da boca dos tricolores que disputaram sua terceira decisão da Copa do Brasil. Em 1992, o time perdeu o título para o Internacional de Porto Alegre em um jogo polêmico. O árbitro José Aparecido de Oliveira marcou um pênalti para o time da casa aos 42 minutos do segundo tempo. Segundo o técnico Sérgio Cosme que comandava o Fluminense naquela competição, foi um dos maiores “roubos” da história do futebol brasileiro. Ele recorda que a delegação tricolor não deixou o árbitro voltar no mesmo avião e o expulsou da aeronave. Depois daquela partida, o árbitro ainda se envolveu em outro jogo controverso (a final do Paulista de 1993 vencida pelo Palmeiras sobre o Corinthians) e abandonou a carreira pouco tempo depois.
Em 2005, o Fluminense teve mais uma chance de conquistar a taça. Afinal o adversário era o modesto Paulista de Jundiaí, mas o resultado foi desastroso para o Tricolor. O Paulista venceu por 2 a 0, em casa, e segurou o empate sem gols em São Januário para frustrar o time carioca, que contava com jogadores como Tuta, Leandro, Fabiano Eller e Gabriel, e era dirigido por Abel Braga, que amargou seu segundo vice seguido da competição, já que havia perdido no ano anterior quando dirigia o Flamengo.
Uma campanha sofrida – O Fluminense reformulou seu elenco para 2007, contratou jogadores de prestígio como Carlos Alberto, Alex Dias e Luiz Alberto, além de Soares e Cícero que brilharam no Figueirense no ano passado, mas a péssima campanha na Taça Guanabara, não conseguindo classificação para as semifinais fez com que o time estreasse na Copa do Brasil com um técnico interino.
Vinicius Eutrópio dirigiu o time no Acre quando o Fluminense derrotou a Adesg por 2 a 1. No jogo da volta, o Tricolor das Laranjeiras já era dirigido por Joel Santana que, na sua partida de estréia, conseguiu uma goleada por 6 a 0 sobre o time acreano no Maracanã e garantiu a passagem para a segunda fase do torneio.
O adversário seguinte era o América de Natal e a vitória por 2 a 1 na capital potiguar deixou a impressão de que a classificação seria fácil, mas o time perdeu por 1 a 0 na partida da volta no Maracanã e quase perde a vaga para irritação da sua torcida, que vaiou muito os jogadores e, principalmente, o técnico Joel Santana.
O time continuou muito mal na Taça Rio e o confronto com o Bahia foi decisivo para derrubar Joel Santana. A equipe empatou por um gol no Maracanã e o treinador acabou demitido. No jogo da volta, Renato Gaúcho, que tinha deixado o Vasco, já estava no banco de reservas e viu das tribunas o dramático empate por 2 a 2, na Fonte Nova, que garantiu a manutenção do sonho.
O adversário seguinte foi o Atlético Paranaense e o sofrimento continuou. Um empate por 1 a 1 no Maracanã e uma vitória por 1 a 0 na Arena da Baixada asseguraram mais uma classificação. Nas semifinais, o Fluminense enfrentou o Brasiliense, que vinha fazendo ótima campanha. No Maracanã, o Fluminense venceu por 4 a 2 e ficou mais perto da vaga que foi assegurada com o empate no Distrito Federal que assegurou o passaporte do time carioca para a decisão, onde superou o Figueirense, outra vez, fora de casa para levantar o título inédito.