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Flamengo e Vasco começam a decidir hoje a Copa do Brasil

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Os últimos títulos nacionais de clubes cariocas aconteceram em 2000 e 2001, conquistados por Vasco e Flamengo. O primeiro se sagrou campeão da polêmica Copa João Havelange, o outro da extinta Copa dos Campeões. Em 2006, um dos dois acabará com o jejum do Rio de Janeiro: a partir de 21h45 desta quarta-feira, no Maracanã, entra em jogo o troféu da Copa do Brasil, que garante uma vaga na próxima Libertadores da América.

Ídolos maiores de Vasco e Flamengo, Roberto Dinamite e Zico festejaram o bom momento do estado, que volta a ser protagonista em um torneio nacional. “O futebol carioca precisava disso, ter dois clubes decidindo uma competição importante como é a Copa do Brasil. Mas acho que ainda há muita coisa a se evoluir em termos de mentalidade dos dirigentes. Esse título não pode abafar os problemas graves que existem no futebol carioca”, alertou Dinamite, que hoje é deputado estadual pelo PMDB e já foi candidato de oposição a atual gestão vascaína.

Zico deixou a política de lado para falar somente da emoção que causa uma final carioca. “Uma decisão dessas sempre mexe com a gente, pois coloca frente a frente dois grandes rivais, que representam muito para o Rio de Janeiro. Além disso, é um jogo sem favorito, com resultado imprevisível, ninguém pode prever quem vai ganhar”, comentou o Galinho.

Mesmo distante dos tempos áureos de Zico e Roberto Dinamite, Ney Franco e Renato Gaúcho, técnicos de Flamengo e Vasco, também enalteceram a decisão entre clubes do Rio de Janeiro. “É uma final inédita. É um clássico que já tem toda uma história no futebol. O Rio e o Brasil estão respirando esse clima de decisão entre dois rivais”, exaltou o treinador do Rubro-negro, sem se aprofundar no mérito da regionalização da Copa do Brasil. “Não vejo dessa forma, mas sim como duas equipes que foram merecedoras de chegar nessa final”, argumentou.

Ao contrário do colega, Renato Gaúcho explorou, sim, o fato de dois times do Rio decidirem a competição e aproveitou até para atacar o futebol paulista. “Falaram muito mal dos cariocas e a resposta está aí. Não tenho nada contra São Paulo, mas dois clubes paulistas estão fazendo péssima campanha no Brasileiro”, alfinetou, lembrando que Corinthians e Palmeiras estão na zona de rebaixamento do Nacional. Como Ney Franco, o técnico do Vasco está ansioso para o duelo. “Não escondo que a adrenalina está a mil. É uma decisão inédita para o clube e para mim como técnico. Milhões de treinadores gostariam de estar no meu lugar”, orgulhou-se.

No último domingo, mesmo dia em que Corinthians e Palmeiras se enfrentavam no Morumbi para sair do calvário no Brasileirão, Flamengo e Vasco fizeram um clássico sem graça no Maracanã. Após a vitória dos reservas cruzmaltinos por 1 a 0, os rubro-negros esperam que não só a motivação do próximo encontro entre os rivais seja diferente, mas também o resultado. Ney Franco vai usar o suspense como trunfo da equipe da Gávea desta vez.

“Tenho a equipe em mente, mas só vou divulgar nos vestiários”, confirmou o treinador. “O mistério pode até não ter dado certo em alguns jogos e decisões, mas acho importante você poder confundir seu adversário e não vou abrir mão de uma arma como essa num momento desses. O Renato Gaúcho é um treinador muito inteligente e sabe armar bem um time. Quando menos ele souber sobre o Flamengo que vai a campo, melhor para a gente”, justificou.

A expectativa é que Ney Franco mande a campo a formação que perdeu por 4 a 1 para o Paraná na quinta-feira passada, pois foi a que ele treinou durante a Copa do Mundo. O certo é que o Flamengo não terá o meia uruguaio Peralta, vetado por causa de problemas musculares na coxa esquerda. Renato Augusto e Toró, que agradaram bastante no domingo, devem ser mantidos na equipe.

Já Renato Gaúcho não fez mistério e anunciou com antecedência a escalação do Vasco. Seu único desfalque é o volante Ygor, que está suspenso pelo terceiro cartão amarelo e dará seu lugar a Yves. A formação merece o respeito de Ney Franco. “Na verdade, as duas equipes não têm muito que surpreender. O Vasco tem grandes jogadores, como o Morais, que vive um momento muito bom, o Ramon, que é experiente, o Edílson, com um currículo brilhante. Tudo isso bem montado pelo Renato Gaúcho. Não dá para fazer muita surpresa nesse jogo”, reconheceu o treinador rival.

Embora os maiores elogios de Ney Franco sejam para os jogadores cruzmaltinos, esses creditam a campanha do Vasco ao técnico Renato Gaúcho. Ramon, apontado como líder do time pelo próprio comandante, puxa o coro. “Fico feliz com o reconhecimento. Estou tendo a oportunidade de estar em mais uma final e espero vencer”, disse. Mais jovem, o lateral-esquerdo Diego é quem completa. “Faltava alegria em São Januário. O Renato contagiou todo mundo com sua motivação”, disse o garoto, ciente da importância da decisão carioca. “É o jogo das nossas vidas”.

O atacante Valdiram, por sua vez, quer ainda defender a artilharia da Copa do Brasil na final. Ele tem sete gols na competição e é ameaçado pelo meia Renato, do Flamengo, com seis. “Em uma decisão, as chances de gol são escassas e acredito que não vai mudar muito nessa”, previu o jogador do Rubro-negro, que prefere o título à conquista individual. “Vai se classificar para a Libertadores e ser campeão aquele que conseguir aproveitar melhor as oportunidades de gol e transformá-las em vantagem no placar”, analisou.

Independente de quem marcar mais gols, a final que começa nesta quarta-feira já entra para a história como a primeira da Copa do Brasil disputada entre clubes do mesmo estado. Até então, o Flamengo ganhou o único título carioca no torneio, ao bater o Goiás em 1990. Das 17 edições, o Rio Grande do Sul venceu seis, sendo quatro com o Grêmio e uma com Internacional e Juventude. São Paulo tem cinco conquistas – Corinthians (2), Palmeiras, Santo André e Paulista (os dois últimos em cima de equipes do Rio) – e Minas Gerais quatro, todas com o Cruzeiro. Santa Catarina, com o Criciúma, tem uma.

A temporada 2006, aliás, contraria quem já acusava o fim do futebol carioca. Além da final 100% na Copa do Brasil, o estado vê o Fluminense na quarta posição do Brasileiro e, portanto, na zona de classificação para a Copa Libertadores da América. Essa competição já terá um representante do Rio de Janeiro no ano que vem. Só resta definir se será o time da Gávea ou de São Januário, pois desta vez os pequenos clubes paulistas não são mais um incômodo na decisão.

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