Como aconteceu ano passado, a final da Libertadores da América vai reunir novamente dois clubes brasileiros. Desta vez, aparecem como candidatos ao título São Paulo e Internacional. Com planejamento e organização, ambos provaram que não basta apenas um bom time para se chegar à final de uma competição continental e também permanecer nas primeiras colocações do Campeonato Brasileiro. Por isso, a expectativa é de muito equilíbrio e igualdade entre as partes. O primeiro confronto está marcado para quarta-feira, às 21h45, no Morumbi.
O trabalho dos dois grandes do futebol brasileiro foi longo até o sucesso na Libertadores. Primeiro, apostaram no investimento em estrutura, priorizando a revelação de atletas e, principalmente, na formação de um conjunto. Somando-se a isso, as diretorias demonstraram inteligência ao contratar bons jogadores sem um custo alto aos cofres dos clubes. Isso sem contar o apoio irrestrito aos treinadores mesmo com as pressões por tropeços durante os Estaduais.
Aproveitando as glórias do bom planejamento desde o ano passado, o São Paulo optou por uma postura extremamente cautelosa nos dias que antecederam a final. Por isso, em nenhum momento, contou qualquer tipo de vantagem contra o equilibrado Internacional. ”Serão dois jogos difíceis. O Internacional sabe jogar em casa e fora e nós também. Acredito que precisamos manter a pegada e a determinação das últimas partidas se quisermos ganhar”, receitou o atacante Leandro.
O fato de o Tricolor apresentar uma herança mais rica em Libertadores em relação ao adversário, com três títulos e disputando sua sexta final, também não é fator que anima a equipe paulista. “Essa coisa de tradição você precisa mostrar a cada três dias. Então, o São Paulo precisa vencer sempre, matar um leão a cada dia. Por enquanto, não existe vantagem”, disparou Leandro.
Por outro lado, os atletas confiam no crescimento do futebol do time durante as semifinais. Até de forma surpreendente, o São Paulo superou o Chivas Guadalajara com facilidade, vencendo as duas partidas. Depois de testar várias formações ofensivas, o técnico Muricy Ramalho parece que encontrou a dupla de ataque ideal com Leandro e Ricardo Oliveira.
”O São Paulo cresceu na hora certa. O jogo contra o Estudiantes (vitória no pênaltis) foi uma grande prova de superação. Só que vamos ter de provar mais uma vez nossa qualidade na quarta-feira contra o Internacional”, lembrou Leandro, autor de um dos gols da classificação da semana passada para a final.
Até pela qualidade do Internacional, o São Paulo aposta em um jogo de boa qualidade técnica no Morumbi. “Acho que nosso adversário vai entrar com postura semelhante a do Chivas na semana passada. Não ficarão apenas atrás e também vão buscar um resultado bom para eles”, previu o zagueiro Lugano.
Devido à melhora nas últimas partidas, Muricy Ramalho deve manter a formação que fez sucesso nas partidas contra o Chivas. Com a característica de subir de rendimento em momentos decisivos, Edcarlos permanece na zaga, já que André Dias ainda não resolveu um imbróglio judicial com o Goiás. Já Ricardo Oliveira pode fazer sua última partida pelo clube antes de retornar ao Betis.
Por sua vez, o Internacional apostou no suspense às vésperas da primeira partida da decisão. O técnico Abel Braga concentrou sua equipe em Santos e fechou as portas dos dois treinamentos que comandou no CT Rei Pelé. O motivo? Confundir o agora rival Muricy Ramalho, que conhece bem os Colorados pelo tempo que dirigiu a equipe.
“O Muricy sabe bem dos nossos jogadores, mas nem tanto da nossa maneira de jogar agora”, ponderou o atacante Rafael Sóbis, um dos muitos admiradores do treinador do São Paulo no elenco do Internacional. Seu parceiro no setor ofensivo, Fernandão, telefona até hoje para o ex-comandante. “Ele foi um paizão para todos nós, mas agora estamos em lados opostos”, ressalvou.
O mistério no Colorado é em torno de Alex e Élder Granja, que se recuperam de lesões. O meio-campista sente dores no púbis e se diz pessimista sobre seu aproveitamento. “O problema é que não é uma lesão muscular, mas física”, argumentou o jogador, que discutiu com um jornalista que tentou observar o treino secreto de segunda-feira. O lateral-direito, por sua vez, está tratando de um estiramento na panturrilha esquerda e descarta ir para o sacrifício. Ceará deve jogar no lugar de Granja.
Os jogadores do Internacional também falaram sobre a nova final brasileira na Libertadores. “Isso é bom porque o Brasil tem grandes equipes. No final, chegaram os dois melhores clubes. Tem que ser assim, independente de eles serem do mesmo país”, comentou Fernandão.
Abel Braga concorda que o bom momento de Inter e São Paulo é fruto do planejamento dos dois clubes nos últimos anos. “As duas melhores equipes estão na final. O Inter hoje é quase um ponto turístico de Porto Alegre. Ele é bonito por fora, mas ainda mais por dentro. Isso se deve muito ao trabalho do presidente (Fernando Carvalho). As condições são fantásticas. Esse time começou com o Muricy e eu estou dando continuidade”, discursou o treinador.
O comandante do colorado exaltou bastante sua equipe, dando até números como prova da boa fase. “O Inter se preparou para ser campeão. Ele é o quinto melhor clube do mundo em termos de pontuação, joga com muita personalidade em qualquer lugar, vende muito caro uma derrota”, orgulhou-se Abel Braga, para quem já “está escrito o que vai acontecer na final”.