O técnico Luiz Felipe Scolari está incomodado com os constantes boatos sobre uma eventual saída sua do Palmeiras. Ele reclama que não pode mais confraternizar com o amigo Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, em um show da dupla sertaneja Victor e Léo, ou visitar o antigo chefe Zezé Perrella, mandatário do Cruzeiro, sem alimentar as especulações.
"Por causa dessas coisas eu vou para Corinthians ou Cruzeiro? Não posso ter amigos?", esbravejou Felipão, nesta sexta-feira, ironizando as frequentes notícias sobre um acerto seu com outros clubes. "Tenho quatro pré-contratos. O Murtosa [Flávio, auxiliar] vai para Minas Gerais, o Carlão [Pracidelli, preparador de goleiros] para o Rio, o Anselmo [Sbragia, preparador físico] para o São Paulo, o Galeano [coordenador] fica aqui, e eu serei o gerente geral. O que mais eu vou dizer?", debochou.
Como prova de que continua exclusivamente concentrado no Palmeiras, Felipão afirmou já ter começado a traçar o planejamento do clube para a próxima temporada. "Isso é natural. Passei uma lista de reforços para o presidente. Agora, o dinheiro quem tem é ele", disse, sem confirmar interesse na contratação do lateral direito Luis Ricardo, da Portuguesa. "Perguntem para o Tirone [Arnaldo, presidente]. Aqui, no Palmeiras, vaza tudo. Os nomes que escrevi devem estar embaixo de uma pedra", sorriu.
A insatisfação de Felipão com os problemas do Palmeiras é compartilhada pela torcida. Até o técnico campeão da Copa Libertadores da América em 1999 já foi alvo de gritos de protesto de palmeirenses. "A imagem que existe de 1997 a 2000 é permanente. Ninguém vai apagar aquilo que fiz no Palmeiras. Mas também não dá para modificar o que está sendo feito agora."
Felipão negou estar de braços cruzados no Palmeiras e elaborou uma lista de reforços para o ano que vem
Contra os críticos, o técnico usa justamente os boatos de que tanto reclama. "Que bom que tenham interessados em mim. É um sinal de que não sou tão ruim assim. Por enquanto, tenho o meu contrato com o Palmeiras. Mas, quando sair daqui, vou para algum time. Podem ter certeza disso", avisou, propenso até a acertar com rivais palmeirenses e do Grêmio, seu clube de coração.
"No dia em que eu sair do Palmeiras, não existe problema algum em ir para qualquer time. Recebi uma proposta espetacular do Internacional uma vez. Tenho grandes amigos lá. Só não aceitei porque eles tinham uma visão de conquistar a Libertadores e, se eu não ganhasse sendo tão identificado com a torcida rival, seria muito difícil administrar as coisas. Mas a minha esposa é uma das únicas que tem a camisa de 100 anos do Inter", orgulhou-se Scolari.
Só não digam a Felipão que ele abriu mão de sua multa contratual com o Palmeiras para facilitar uma transferência para outra equipe. "Quem fala isso é burro de galocha e mal-intencionado. Essas pessoas não devem se lembrar que fiz a mesma coisa em 1999, no cartório, e entreguei os papéis para o Mustafá [Contursi, ex-presidente]. Falar isso é covardia", revoltou-se o técnico palmeirense.