Campeão brasileiro pelo Flamengo em 1992, o ex-jogador Júlio César tenta com seu prestígio adquirido ao longo de sua carreira fazer do Cáceres Esporte Clube uma das forças do futebol mato-grossense. Na administração geral do "Crocodilo do Pantanal", ele está sentindo na pele o que é fazer futebol no interior de Mato Grosso.
"Está difícil manter o time do Cáceres no Mato-grossense. O clube não tem ajuda de ninguém, está sobrevivendo graças ao meu empenho e o compromisso que fizemos para levar o time até o final do Estadual. Mas as coisas estão se complicando a cada dia", conta Júlio César, que chegou a revelar que por dois dias consecutivos os jogadores almoçaram por volta das 15h devido aos problemas financeiros do clube.
Sem somar sequer um ponto até a rodada de ontem – jogou contra o Crac -, o Cáceres sempre conviveu com sérias dificuldades financeiras. Antes de iniciar o Estadual, atletas e membros da comissão técnica chegaram a ser despejados de um hotel na cidade por falta de pagamento.
A dificuldade é tão grande que a delegação foi obrigada a viajar para Lucas do Rio Verde, quase 700 km, no mesmo dia da partida contra o Luverdense. Foram quase dez horas de viagem, chegando uma hora antes da partida.
"Como vencer um time descansado, enquanto sua equipe viajou dez horas dentro de um ônibus. É impossível exigir dos jogadores um resultado positivo nessas condições", lamenta o ex-jogador, ressaltando que viagem ocorreu no dia do jogo pelo fato da diretoria não ter dinheiro para pagar hospedagem em um hotel em Lucas do Rio Verde.
Natural de Goiás, Júlio César chegou a Cáceres com objetivo de implantar uma nova filosofia de trabalho, profissionalizar o clube. Porém, revela que encontra dificuldade por conta da falta de credibilidade do atual presidente do clube, o desportista Luiz Mário Cardoso, o Pacú. "Problema de estrutura vários clubes do futebol brasileiro têm. Eu já estava preparado para encontrar isso no Cáceres. O que eu não sabia era a falta de confiança do empresariado local na pessoa do presidente Luiz Mário Cardoso. Tem empresário a fim de ajudar o time, mas quando se fala no nome do Pacú, todos se afastam. É muito difícil", ressalta Júlio César, que demonstra disposição a assumir a presidência do clube caso o atual se afaste. "O clima não é favorável para ele se manter no cargo. Infelizmente, o Pacú está sendo o grande empecilho para os patrocinadores chegarem", disse o ex-jogador do Flamengo.